A decisão do governo saudita de criar um comitê anticorrupção surpreendeu muita gente ao redor do planeta, mas a medida era necessária para conter a ação dos corruptos que se escondiam atrás de cargos e títulos de nobreza. Pelo menos 11 príncipes, quatro ministros e dezenas de ex-ministros foram detidos na Arábia Saudita, no último sábado (4), por ordem do colegiado criado horas antes pelo rei Salman bin Abdulaziz al-Saud.
O comitê, dirigido pelo príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, tem como missão investigar casos de corrupção detectados no reino, afirmou a agência oficial SPA antes das detenções. O novo organismo tem o poder de emitir ordens de detenção e de proibição de viajar ao exterior, além de congelar bens dos investigados e adotar outras medidas preventivas ainda antes de os casos chegarem a um tribunal.
Segundo fontes citadas pela Al Arabiya, baseada em Dubai, o comitê reabriu a investigação de dois casos de corrupção relacionados com as inundações que ocorreram na cidade de Jidá em 2009 e com o surto de coronavírus, que matou cerca de 500 pessoas entre 2012 e 2015.
Ao mesmo tempo em que criava o novo comitê anticorrupção, o rei Salman anunciava alterações significativas nas autoridades do reino, como as destituições do chefe da Guarda Nacional, do comandante da Armada e do ministro da Economia. Nenhuma fonte oficial explicou se essas destituições estão relacionadas com as investigações de corrupção.
Os suspeitos presos não foram identificados, mas incluem quatro ministros atuais. Entre os detidos por corrupção está o bilionário príncipe Al-Waleed bin Talal, neto do fundador do Estado, Ibn Saud, e, segundo a revista Forbes, o homem mais rico do mundo árabe, com fortuna equivalente a cerca de 16 bilhões de euros.
Al-Waleed é dono de investimentos no Twitter, na Apple, no Citigroup, na News Corporation, de Rupert Murdoch, na cadeia hoteleira Four Seasons e, mais recentemente, na Lyft. Também é conhecido por ser dos mais liberais membros da realeza saudita, defendendo a ampliação dos direitos para as mulheres. É também o acionista majoritário do popular Grupo Rotana de canais árabes.
A Arábia Saudita é o principal parceiro dos Estados Unidos no mundo árabe, além de ser importante fornecedor de petróleo aos norte-americanos. Resta saber se o presidente dos EUA, Donald Trump, atuará para que os sauditas corruptos sejam processados pela Jsutiça norte-americana, uma vez que a lei não pode ser aplicada de acordo com o criminoso e os interesses da Casa Branca. (Com agências internacionais)