Como sempre acontece desde a fundação da legenda, o Partido dos Trabalhadores padece por não combinar com antecedência os principais discursos. Com isso, muitos “companheiros” entram em rota de colisão discursiva, comprometendo os próprios planos políticos.
Prestes a ser varrido do mapa político com a “vassoura” da Operação Lava-Jato, que após denúncia do editor deste portal desmontou o maior e mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos, o PT vem batendo cabeça nos últimos dias por conta da fala desconexa de seus mais estrelados integrantes.
O primeiro discurso desconexo ficou a cargo de Lula, que disse perdoar os “golpistas”. Considerando que não houve golpe algum, mas o estrito cumprimento da lei, Lula, o alarife do Petrolão, não tem a quem desculpar. Ademais, se golpe tivesse ocorrido, Dilma Rousseff é quem deveria desculpar os “golpistas”.
Na sequência, embalado pelo palavrório de Lula, o ex-prefeito de São Bernardo do Campo, no Grande ABC, Luiz Marinho, pré-candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, defendeu alianças com partidos que apoiaram o impeachment de Dilma. Marinho alega que o partido deveria rever a decisão de não se coligar com tais legendas.
Com o anúncio do PCdoB, histórico aliado do PT, de que a deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila é pré-candidata à Presidência da República, o desenho político-eleitoral em muitos estados mudou em questão de horas. Presidente nacional do PT, a senadora paranaense Gleisi Helena Hoffmann elogiou a decisão do PCdoB, mas nos bastidores petistas a reação foi diversa, como noticiou o UCHO.INFO em matéria anterior.
O lançamento da pré-candidatura de Manuela D’Ávila mostra que a esquerda nacional já trabalha com a possibilidade de Lula não ser candidato, o que faria com que o PT encolhesse ainda mais no cenário nacional. Tal situação tem preocupado Lula, a ponto de o petista-mor insistir na tese de que Gleisi deveria concorrer à reeleição, não a uma vaga na Câmara dos Deputados.
Atordoada com a declaração de Luiz Marinho, que encontrou respaldo na fala do ex-presidente da República, Gleisi Helena não perdeu tempo e declarou que as alianças do PT estão restritas a partidos e grupos de esquerda. “Setores da imprensa têm deturpado uma fala do presidente Lula no ato de encerramento da caravana Lula Pelo Brasil em Belo Horizonte, em 30 de outubro. Longe de “perdoar” os partidos golpistas, Lula dirigiu-se à parcela da sociedade que apoiou o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e hoje percebe que foi enganada”, escreveu Gleisi em sua conta no Twitter.
“O PT tem sua aliança política com o povo brasileiro, suas lutas e conquistas. A aliança eleitoral para eleger Lula em 2018 está sendo construída com setores progressistas da sociedade e com a centro esquerda, baseada na reconstrução do Estado brasileiro e na revogação dos retrocessos implementados por esse governo golpista”, continua a senadora na postagem.
“A direção do PT mantém sua agenda de diálogo com os partidos de centro esquerda, em torno da candidatura Lula, mas são totalmente falsas quaisquer notícias sobre negociações com partidos que apoiaram o golpe. A estratégia do PT para as eleições gerais de 2018 será definida democraticamente nas instâncias partidárias, como é da nossa tradição”, emenda a petista.
Se há alguém no País que não tem condições de falar em aliança com o povo brasileiro, essa pessoa é Gleisi Hoffmann, que finge ignorar os treze anos de roubalheira sistêmica protagonizada pelos “companheiros e camaradas” e a tragédia em que se transformou a equivocada política econômica da então presidente Dilma Rousseff. O Brasil ainda enfrenta os nocivos resquícios da mais grave crise econômica da sua história, mas Gleisi ousa falar em “setores progressistas”.
Não obstante, Gleisi Helena deveria deixar de lado esses discursos marcados pelo falso moralismo e, imbuída de coragem, explicar aos brasileiros de bem a sua decisão de guindar ao cargo de assessor especial na Casa Civil um pedófilo condenado a mais de cem anos de prisão. Processado por violar sexualmente meninas vulneráveis (menores de 14 anos), o petista Eduardo Gaievski foi incumbido pela então ministra Gleisi de cuidar dos programas federais destinados a crianças e adolescentes. Ou seja, a raposa tomando conta do galinheiro.