Sofrendo as consequências do avançado desgaste da política, o PSDB vive um dilema diante das eleições que se avizinham. Sem um nome que provoque empolgação no eleitorado nacional, o partido tem como aposta maior o presidente nacional da legenda e governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que no ninho tucano já é considerado como candidato à Presidência da República.
Apesar desse favoritismo entre os tucanos, Alckmin terá de submeter-se às prévias do partido, quando enfrentará o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, que tenta ressurgir na cena política verde-loura no rastro dessa disputa. Mesmo assim, o governador paulista é alvo da resistência da alguns flancos do tucanato, começando pelo ex-presidente Fernando Henrique, que continua disparando salamaleques na direção do apresentador Luciano Huck. Trata-se de uma aposta descabida, pois Huck é um paraquedista que abusa do oportunismo e camufla sua relação com algumas raposas políticas.
Outro problema que preocupa o PSDB é a sucessão no mais importante estado da federação. Com Alckmin obrigado a deixar o cargo para participar da corrida presidencial, São Paulo será governado pelo vice Márcio França, cujo partido, o PSB, poderá apoiar o presidenciável tucano na eleição deste ano. Desde que o PSDB apoie a candidatura de França ao Palácio dos Bandeirantes.
É nesse exato ponto que reside o problema maior dos tucanos. Sem até agora ter mostrado a que veio, o prefeito da capital paulista, João Agripino da Costa Doria Júnior, está com um olho no Palácio dos Bandeirantes, enquanto o outro ainda flerta com o Palácio do Planalto. Doria não desistiu de participar da corrida presidencial, mesmo tendo afirmado que está fora da disputa e que de agora em diante priorizará os problemas da maior cidade brasileira.
Política é um jogo altamente complexo e bruto, por isso exige atores experientes e com musculatura à altura das dificuldades das batalhas. E João Agripino Doria é um estreante, que por enquanto continua como “tabula rasa” em termos políticos. O alcaide paulistano tentou arrastar à vida pública o seu talento como empresário, mas até o momento o que se viu na Pauliceia Desvairada foi um espetáculo em que sobrou espuma e faltou ação de fato.
Experiente como político e sempre esbanjando destreza nos bastidores, apesar do semblante de estafeta de sacristia, Geraldo Alckmin sabe como mexer as peças no tabuleiro do poder. De chofre, muitas vezes suas ações remetem à ideia da inocência política, mas o governador de São Paulo sabe como poucos jogar politicamente. Tanto é assim, que depois de incensar a candidatura de Doria ao governo paulista, Alckmin começa a andar de lado em relação ao tema.
Se por um lado Geraldo Alckmin está ciente de que precisará do PSB em seu projeto de subir a rampa do Palácio do Planalto, o que significa apoiar a candidatura do seu ainda vice Márcio França, por outro o governador sabe que é preciso se livrar de João Agripino Doria o quanto antes. Para tanto, Alckmin poderá lançar Doria como candidato ao governo de São Paulo, certo de que seu pupilo tropeçará no primeiro turno. Sendo assim, o presidente nacional do PSDB ficará livre para apoiar Márcio França no segundo turno da disputa pelo trono paulista.
Se esse quadro se confirmar, Alckmin prestará um enorme favor aos paulistanos, pois tirará da prefeitura o marqueteiro João Agripino Doria, que por enquanto não demonstrou ser capaz de administrar a quarta maior cidade do planeta, que como tal tem problemas nas mesmas proporções.
Legião de “dorianas”
Contudo, João Agripino Doria tem um séquito de entusiastas, em especial na administração paulistana, os quais formam a “legião de dorianas”. São eleitores incautos e servidores bajuladores que sonham com a chegada do prefeito ao Palácio dos Bandeirantes. Sonhar é de graça e livre de qualquer tributo, mas não é com marketing e conversa fiada que se administra uma cidade complexa como São Paulo.
Ao contrário da “legião de dorianas”, boa parte do eleitorado paulistano está arrependida de ter despejado voto em João Agripino Doria, que insiste em acreditar ser o Aladim da política brasileira. O alcaide, cujo único grande feito político foi ter barrado o PT na eleição municipal, crê que atacar Lula com golpes o credencia a assumir o comando do País.
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