Em seu primeiro pronunciamento ao Congresso americano sobre o Estado da União, na noite de terça-feira (30), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu a unidade nacional e o reforço das fronteiras do país, pedindo uma “família americana unida”. O discurso ocorreu após um ano de um governo bastante conturbado, permeado por escândalos, divisão e controvérsias.
“Esta noite, peço que deixemos de lado nossas diferenças para buscarmos terreno comum e invocar a unidade que precisamos entregar às pessoas que nos elegeram”, disse o presidente aos membros do Congresso dos EUA.
“Quero falar sobre o tipo de futuro que teremos e que tipo de nação seremos. Todos nós, juntos, como uma equipe, um só povo e uma só família americana”, disse Trump, adotando um tom atipicamente conciliatório.
O presidente, no entanto, não deu qualquer sinal de que pretende ceder em relação à redução da migração que defende e que é tema de grandes discussões no Congresso.
De olho nas eleições legislativas em novembro próximo e tentando agradar sua base conservadora, Donald Trump mencionou diversos temas que desagradam a oposição democrata, como o muro na fronteira com o México e novas restrições à entrada no país de familiares dos migrantes que vivem em condições legais nos EUA.
O magnata de 71 anos exaltou os avanços da economia durante seu governo, destacando que o mercado de ações vem atingindo “um recorde após o outro”. Ele voltou a defender uma postura mais rígida de seu país no mercado internacional, dizendo que “a era da rendição econômica chegou ao fim”.
“Os Estados Unidos viraram a página após décadas de acordos comerciais injustos que sacrificavam nossa prosperidade e mandavam nossas empresas, empregos e nossa riqueza para o exterior”, afirmou. “Estamos recuperando tudo isso muito rapidamente.”
Assim como Lula, que no Brasil surfou na calmaria econômica deixada por Fernando Henrique Cardoso, o presidente americano faz o mesmo em relação ao legado de Barack Obama, cujas realizações Trump faz questão de criticar ou anular. Atitude típica de incompetente que só existe debaixo de críticas aos adversários.
Apenas para lembrar, a economia de um país não muda em apenas um ano, como quer fazer acreditar o bufão da Casa Branca. As mudanças econômicas nos Estados Unidos começaram há quase uma década, sendo que Trump colhe os louros da semeadura dos antecessores.
Ambição “imprudente” da Coreia do Norte
Ao mencionar uma variedade de temas sobre a política externa, ele denunciou o “caráter depravado” do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e alertou que a ambição nuclear “imprudente” da Coreia do Norte poderá “muito em breve” ameaçar o território americano.
“Travamos uma campanha de pressão máxima para evitar que isso aconteça”, disse. Num dado momento, ele apontou para o desertor norte-coreano Ji Seong-ho, ovacionado pelos presentes, citando-o como um exemplo do que chamou de natureza brutal do regime de Pyongyang.
Trump utilizou o discurso de uma hora e 20 minutos para tentar aplacar algumas dúvidas sobre sua presidência, mas evitou tratar do escândalo em torno da suposta ingerência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 e o possível vínculo de Moscou com a campanha que o levou à Casa Branca.
As suspeitas resultaram na abertura de uma investigação por parte de uma comissão liderada pelo procurador especial Robert Mueller. O presidente, porém, não fez qualquer alusão às denúncias ou às investigações.
O republicano disse ter assinado uma ordem para manter em funcionamento a prisão militar em Guantánamo para suspeitos de terrorismo, revogando mais uma política adotada por seu antecessor, Barack Obama, que tentou fechar o local, alvo de denúncias por parte de organizações de defesa dos direitos humanos.
Recorde no Twitter
Uma pesquisa realizada pela CNN após o pronunciamento apontou que 48% da população teve uma impressão “muito positiva” do presidente. No primeiro discurso sobre o Estado da União de Obama, esse índice foi de 57%. A emissora afirmou que o percentual de aprovação é o mais baixo registrado desde o início do levantamento, em 1998.
O Twitter anunciou que o discurso de Trump se transformou no tema mais compartilhado na história da rede social, com 4,5 milhões de mensagens com as hashtags #SOTU (sigla em inglês do nome do discurso) e #Jointsession (“sessão conjunta”), em referência à reunião da Câmara dos Representantes e do Senado para ouvir o presidente. A mensagem mais retuitada foi a que trazia um link para assistir o discurso ao vivo.
O recorde anterior também era de Trump, com 3 milhões de compartilhamentos, alcançado em fevereiro do ano passado na ocasião de sua fala ao Congresso. (Com agências internacionais)
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