Lava-Jato: Youssef mente ao dizer que esquema de corrupção jamais foi alvo de reuniões no Paraná

Fosse o Brasil um país minimamente sério e com autoridades responsáveis, o doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs do esquema de corrupção conhecido como petróleo, terminaria seus dias atrás das grades.

Por conta de acordo de colaboração premiada firmado com a força-tarefa da Operação Lava-Jato, que mais parece um ajuntamento de dançarinas do Moulin Rouge, tamanho é o exibicionismo dos procuradores da República, Youssef está livre e, ao que parece, faltando com a verdade perante a Justiça.

Nesta sexta-feira (16), em depoimento ao juiz Sérgio Moro, no escopo da ação penal que tem como cardápio os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro supostamente cometidos por Lula por meio do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (interior de São Paulo), o doleiro da Lava-Jato afirmou que nenhuma reunião sobre acertos de propina envolvendo contratos da Petrobras ocorreu em Curitiba ou no Paraná.

Tal declaração, escandalosamente mentirosa, serve para a defesa de Lula insistir na tese de que foi equivocada a escolha de Sérgio Moro para comandar as ações decorrentes da Lava-Jato.

Em determinado momento da Lava-Jato, o editor do UCHO.INFO questionou um dos procuradores da força-tarefa sobre a possibilidade de Alberto Youssef ser solto em pouco tempo. O representante do MPF disse, sem vacilar, que o doleiro passaria pelo menos cem anos na prisão. O que mostra o despreparo do procurador, pois a legislação brasileira impede que o tempo de encarceramento ultrapasse trinta anos.


Uma das condições para o sucesso do acordo de colaboração premiada é o delator assumir o compromisso de dizer sempre a verdade, sob pena de assim não agindo colocar tudo a perder. Youssef mente ao dizer que nenhuma reunião sobre o esquema de corrupção na Petrobras foi realizada no Paraná.

Mentor intelectual da roubalheira, o finado José Janene residia em Londrina, no interior paranaense, cidade natal de Youssef. O doleiro frequentava assiduamente a casa de Janene e esteve diversas vezes em empresas usadas pelo então deputado para lavar dinheiro, algumas no Paraná. Por causa desse detalhe, que não é pequeno quanto parece, o doleiro deveria retornar à prisão.

Youssef e Janene eram, além de sócios em falcatruas, compadres. Após a morte do ex-deputado federal pelo PP, o doleiro assumiu o principal posto na estrutura financeira do maior e mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos.

Em 2009, quando o editor deste portal detalhou à Procuradoria da República em São Paulo o esquema de corrupção que funcionava na órbita da Petrobras, de chofre a autoridade que ouviu a denúncia disse que cabia ao MPF do Paraná cuidar do caso.

Alberto Youssef não alcançou posto de destaque na estrutura do Petrolão porque é movido pela inocência e pelo bom-mocismo. Esperto o suficiente para sair da alegada penúria financeira em que se encontra, o doleiro é especialista em ressurgir das cinzas. E a declaração prestada ao juiz Moro pode ser um sinal de que há algo estranho nos subterrâneos da Lava-Jato.

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