Donald Trump abusa do “non sense” e admite considerar sugestão de armar professores nas escolas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acolheu com bom grado a sugestão de alguns professores ou funcionários das escolas portarem armas de maneira escondida para responder rapidamente em casos de ataques.

As sugestões foram feitas, na quarta-feira (21), após o presidente ter recebido na Casa Branca um grupo de sobreviventes e parentes de vítimas de ataques a tiros em instituições de ensino nos EUA. Entre os presentes estavam seis alunos da escola de Parkland, na Flórida, onde 17 pessoas morreram na semana passada.

“Há algo que se chama portar armas de forma oculta, e que só funciona quando você tem gente treinada para isso. Os professores teriam uma permissão especial, e [a escola] já não seria uma área livre de armas da qual os ‘maníacos’ podem se aproveitar”, disse.

Trump argumentou que, dado o tempo que pode demorar para a polícia chegar a uma escola ao receber um alerta de ataque, os professores devidamente treinados poderiam reagir rapidamente.
Segundo ele, a proposta pode “solucionar o problema” ao fazer com que um possível perpetuador pense duas vezes antes de invadir uma escola.

“Isso só seria, obviamente, para pessoas que são treinadas em lidar com uma arma”, disse o presidente. “É chamado de transporte oculto. Professores em posse de uma arma receberiam treinamento especial e não teríamos mais uma zona livre de armas”.

“Vamos examinar essa ideia muito a sério, muita gente vai estar contra isso e muita gente vai estar de acordo”, afirmou o presidente, ao reconhecer que é algo “controverso”. O republicano também propôs enviar às escolas “profissionais, que poderiam ser fuzileiros navais”.


“Tive sorte de voltar para casa”

Trump falou ao final de um encontro emotivo na Casa Branca, no qual alunos e parentes de vítimas do massacre da semana passada descreveram suas angústias pessoas. Eles pediram aos legisladores americanos que protejam os estudantes da violência armada no país.

“Eu tive a sorte de voltar para casa, ao contrário de alguns dos meus colegas, e é muito assustador saber que muitas pessoas não tiveram a oportunidade de estar aqui”, disse Julia Cordover, estudante sobrevivente, enquanto lutava contra as lágrimas.

Outro aluno, Samuel Zeif, descreveu como ele completou 18 anos no dia seguinte ao massacre em Parkland: “Acordei com a notícia de que meu melhor amigo se foi. E não entendo por que ainda posso ir a uma loja e comprar uma arma de guerra”.

A raiva era visível em meio aos pais, incluindo Andrew Pollack, cuja filha de 18 anos foi uma das vítimas. “Estou aqui porque minha filha não tem voz. Ela foi assassinada na semana passada e ela foi tirada de nós, atingida nove vezes no terceiro andar. Nós, como país, falhamos com nossos filhos. Isso não deveria acontecer”, disse Pollack.

Ele mencionou a segurança nos aeroportos ao compará-la às escolas e disse que “não se pode entrar num avião com uma garrafa d’água”, mas que deixa-se “um animal entrar numa escola”. Pollack então berrou com Trump: “Conserte isso!”.

Trump também prometeu que encontrará uma solução “muito robusta para o tema dos antecedentes criminais”, para melhorar a comunicação entre autoridades locais e federais a fim de impedir que pessoas condenadas por um crime possam comprar armas. Mais cedo, ele havia ordenado a proibição dos chamados “bump stocks”, dispositivos que permitem transformar uma arma semiautomática numa metralhadora.

“Além disso, vamos focar no tema da idade [mínima] para comprar [uma arma] e no aspecto de saúde mental”, acrescentou Trump, ao opinar que não há “instituições mentais” suficientes no país para lidar com o povo que possa ter uma doença que leve a comportamentos violentos.

De acordo com a lei federal americana, a idade mínima para comprar uma arma de fogo é de 21 anos para uma pistola e 18 se for um fuzil, embora alguns vendedores sem licença as forneçam a pessoas ainda mais jovens. O autor do massacre na Flórida, Nikolas Cruz, tinha 19 anos. (Com agências internacionais)

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