A decisão do presidente Michel Temer (MDB) de intervir na segurança pública do Rio de Janeiro surgiu na esteira da expectativa da população fluminense por uma medida que pudesse conter a escalada da violência, mas a criação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública foi um equívoco do governo, que enfrenta dificuldades no combate ao déficit fiscal.
Tudo o que uma nova pasta poderá fazer dentro de algumas semanas – talvez meses – poderia ser delegado aos ministérios da Justiça e da Defesa, que operando de forma conjunta certamente produziriam melhores resultados.
A criação do Ministério da Segurança Pública é algo tão desnecessário, que Temer teve dificuldades para encontrar alguém que aceitasse assumir a pasta, faltando menos de dez meses para o fim do governo. Sem opção, o presidente decidiu transferir o pernambucano Raul Jungmann, então ministro da Defesa, para o comando da nova pasta, deixando em seu lugar o general Joaquim Silva e Luna.
Um novo ministério não é garantia de solução imediata dos problemas que afetam a segurança pública, que precisa de ações específicas e de longo prazo, principalmente na área social, como, por exemplo, educação, geração de emprego, capacitação profissional, entre outros segmentos. E isso não se faz em apenas dez meses.
É importante ressaltar que o caráter extraordinário da pasta e o pouco tempo que resta ao governo impedem que qualquer profissional de comunicação afirme que a nova pasta veio para ficar. Somente que não compreende o idioma pátrio em sua inteireza e desconhece a política como um todo é capaz de fazer afirmações descabidas.
O vernáculo “extraordinário” por si só explica que o novo ministério não veio para ficar. E com a eleição de um novo presidente da República a pasta não obrigatoriamente será recriada. Exceto se a necessidade justificar a manutenção do ministério.
A grande questão em relação à nomeação do novo ministro da Segurança Pública é que Raul Jungmann, deputado federal licenciado, deve tentar a reeleição pelo PPS de Pernambuco. Isso significa que Jungmann terá de deixar o posto no começo de abril caso queira tentar permanecer na Câmara dos Deputados.
Se esse cenário se confirmar, o Ministério da Segurança Pública terá Jungmann como ministro durante pouco mais de um mês, situação que não favorece a proposta do governo de enfrentar o crime organizado no Rio de Janeiro e devolver à população local um pouco de tranquilidade.