Novo presidente nacional do Democratas, Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto, o ACM Neto, salvou o partido da anorexia política ao conquistar a prefeitura de Salvador em 2012 – foi reeleito em 2016. Não fosse esse feito, o DEM teria sido engolido por alguma outra legenda, sumindo do mapa político nacional.
A posse de ACM Neto, marcada para quinta-feira (8), servirá de palco para o lançamento da pré-candidatura de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, ao Palácio do Planalto, como antecipou o UCHO.INFO no final do mês de fevereiro.
Qualquer cidadão pode participar da corrida presidencial, desde que atenda aos requisitos da legislação eleitoral, mas o plano de Rodrigo Maia tem pitadas de suicídio político. Com 54% de rejeição entre o eleitorado – esse contingente não votaria no deputado democrata para presidente da República –, Maia parece disposto a levar o partido a novo período de agruras políticas, caso insista em seu mirabolante projeto. Afinal, o Democratas foi pífio como oposição ao governo do PT e fisiológico enquanto aliado do governo de Michel Temer (MDB).
Sem cacife político para embarcar em empreitada tão complexa, Rodrigo Maia é o “garotinho mimado” do Rio de Janeiro que entrou na política na esteira das capitanias hereditárias que repentinamente tomaram conta do antigo Partido da Frente Liberal (PFL), rebatizado como Democratas.
Assim como Rodrigo é filho de César Maia; o prefeito de Salvador é neto do polêmico e folclórico Antônio Carlos Magalhães, o finado ACM; o deputado federal Felipe Maia é filho do senador potiguar José Agripino Maia; Efraim Filho é herdeiro político do ex-senador Efraim Moraes. E assim vai!
Acusado de receber propina do Petrolão, maior e mais ousado esquema de corrupção da história da Humanidade, Rodrigo Maia é responsável por inviabilizar a aprovação da Reforma da Previdência, que por conta da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro teve a tramitação suspensa. E essa fatura com certeza será cobrada nas urnas, mesmo que alguns sejam contra a reforma.
Maia sabe que a ausência de estofo político não o credencia para a corrida presidencial de outubro próximo, mas pode servir para colocá-lo na condição de candidato a vice-presidente na chapa de alguém mais experiente e com currículo minimamente confiável, se é que isso é possível na “propinolândia” em que se transformou o Brasil.
Por outro lado, esse tipo de estratégia (pré-candidatura à Presidência da República) pode servir para Rodrigo Maia disputar mais um mandato de deputado federal. Afinal, esses eventos conferem a Maia mais espaço na mídia e reforça sua campanha à reeleição.
Acreditar que Rodrigo Maia tem cabedal político para concorrer ao Palácio do Planalto é atestado de inocência. Aliás, se o presidente da Câmara não colocar o pé na estrada, corre o risco de dar adeus ao Parlamento.