Hostilidade enfrentada por Wesley Batista em churrascaria de SP foge ao Estado Democrático de Direito

Não demorou muito tempo para que, na tarde de domingo (11), corresse como rastilho pólvora na rede mundial de computadores vídeos que mostram o empresário Wesley Batista sendo hostilizado em uma churrascaria da capital paulista.

Wesley, que deixou a prisão em 21 de fevereiro por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), acabou confundido com irmão, Joesley Batista e foi alvo de xingamentos dos mais variados, como “ladrão”, palhaço” e “vagabundo”. Após esse constrangimento, o empresário ouviu o coro “Fora, Joesley!”.

“Vocês acabaram com o País, sem vergonha, sem consciência”, gritou uma mulher. “Vai pra cadeia”, protestou outra pessoa. Apesar do clima de hostilidade, Wesley permaneceu no restaurante até terminar o almoço em família.

Wesley foi preso em setembro de 2017 na Operação Tendão de Aquiles por uso de informação privilegiada para obter ganhos econômicos (insider trading). Esse aludido crime teria sido cometido à época da divulgação da gravação da conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, no Palácio do Jaburu, em Brasília.

Em outubro, o Ministério Público Federal em São Paulo, através dos procuradores Thaméa Danelon e Thiago Lacerda Nobre, denunciou à 6ª Vara Federal os irmãos Joesley e Wesley, na Operação Acerto de Contas, desdobramento da Tendão de Aquiles, por manipulação do mercado financeiro.


Um povo transforma-se em nação no momento em que aceita viver debaixo de um conjunto legal. De tal modo, é a legislação vigente que baliza a vida do cidadão, que à sombra de transgressões tem de acertar contas com a Justiça.

Não será com hostilidades descabidas que o Brasil será passado a limpo. Ademais, a destruição do País se deu não por culpa dos irmãos Wesley e Joesley, mas por causa de uma classe política que avançou sobremaneira na seara da corrupção.

Viver em democracia é bom, mas exige dedicação, paciência e responsabilidade por parte do cidadão. Muitos dos que xingaram Wesley Batista possivelmente elegeram políticos corruptos que alimentaram esquemas criminosos dos mais diversos.

É preciso que a sociedade cobre a Justiça para que puna Wesley e Joesley Batista de acordo com o que manda e lei e com base em provas. Até lá, os empresários gozam da presunção da não culpabilidade, o que deveria impedir esse tipo de manifestação.

Durante pouco mais de treze anos, o brasileiro não se importou com os escândalos de corrupção, pois caiu na armadilha do “pão e circo” oferecida pelos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff. Crédito fácil, consumo em alta, viagens internacionais, tudo isso serviu para anestesiar a consciência da população, que agora reage indignada.

Não se trata de defender ou poupar os empresários da holding J&F, mas de condenar o justiçamento. Não será na esteira de xingamentos que o Brasil retomará a normalidade.

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