Em resposta a ataque químico em Douma, Donald Trump ameaça lançar mísseis na Síria

(E. Vucci – AP Photo)

Apesar dos insistentes alertas enviados pela Rússia, os Estados Unidos avaliam a possibilidade de uma ofensiva com mísseis em resposta ao suposto ataque com armas químicas em Douma, cidade nas proximidades da capital da Síria, Damasco.

Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta quarta-feira (11), os sintomas de 500 pacientes tratados após o ataque de sábado em Duma apontam que houve, de fato, o uso de armas químicas no ataque.

O governo do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, manteve ao longo das últimas horas amplos contatos com os governos da França e do Reino Unido para avaliar a possibilidade de uma ação conjunta.

Na terça-feira (10), tanto o governo francês quanto o britânico afirmaram que, se houve mesmo um ataque químico contra civis em Douma, é preciso dar uma reposta. Porém, uma decisão final ainda não foi tomada, afirmaram, sob anonimato, funcionários do governo americano à agência de notícias Associated Press.

Trump já deixou claro que pretende fazer com que o regime do presidente Bashar al-Assad e também seus principais apoiadores, Rússia e Irã, paguem caro pelo suposto ataque químico, atribuído às forças leais o ditador sírio. Ao mesmo tempo, o presidente dos EUA se mostra relutante em tomar uma decisão, pois é claramente contrário a um envolvimento ainda maior dos Estados Unidos na guerra civil da Síria.

Nesta quarta-feira, o embaixador da Rússia no Líbano, Alexander Zasypkin, disse que as forças russas derrubarão qualquer míssil americano que cruzar o território sírio. Ou seja, o Oriente Médio está na iminência de um novo conflito.

“Se houver um ataque americano, nós vamos derrubar os mísseis e atacar as posições de onde eles foram lançados”, disse, em entrevista a um canal de televisão ligado ao Hezbollah. “Nos últimos dias, nós vimos uma escalada em direção a uma crise significativa.”

No Twitter, Donald Trump respondeu: “A Rússia ameaçou derrubar todos os mísseis disparados na Síria. Prepare-se, Rússia, porque eles vão chegar, bonitos, novos e ‘smart’. Vocês não deveriam ser parceiros desse animal que mata com gás seu próprio povo e tem prazer nisso”.


Resposta mais robusta

Em 2017, Trump lançou um ataque de míssil de cruzeiro contra uma base aérea na Síria, em retaliação a um ataque com gás sarin que a Organização das Nações Unidas (ONU), mas tarde, atribuíram ao regime de Assad.

Segundo o jornal “The New York Times”, a Casa Branca e conselheiros de segurança avaliam que, desta vez, a resposta deveria ser mais “robusta” para intimidar o regime sírio e assim impedir novos usos de armas químicas. Entre as opções consideradas estariam atacar mais de um alvo ou atacar por mais de um dia.

O presidente americano cancelou sua participação na 8ª Cúpula das Américas, na capital peruana, para, segundo a Casa Branca, coordenar a resposta à Síria. O secretário de Defesa, Jim Mattis, também cancelou planos de viagem, e o destroier USS Donald Cook foi deslocado para uma região de onde pode atacar a Síria. Nos próximos dias será a vez do porta-aviões USS Harry Truman.

Uma ação militar conjunta, possivelmente liderada pela França, enviaria um sinal de unidade internacional sobre a proibição do uso de armas químicas. O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu uma resposta “forte e conjunta” e disse que uma decisão será tomada nos próximos dias.

“Nossa decisão não vai mirar aliados do regime nem atacar alguém, mas atacar as instalações químicas do regime”, afirmou Macron, acrescentando que não pretende acirrar ainda mais o conflito na Síria.

O presidente francês não necessita de aprovação parlamentar para iniciar uma operação militar. A França já participa da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos e criada em 2014 para combater o grupo terrorista “Estado Islâmico” na Síria e no Iraque.

Diante da possibilidade de “ataques aéreos na Síria com mísseis ar-terra e/ou de cruzeiro, nas próximas 72 horas”, a Eurocontrol, organização europeia de segurança na navegação aérea, divulgou uma advertência às companhias aéreas sobre os riscos de sobrevoar a área do Mediterrâneo Oriental-Nicósia. (Com agências internacionais)

apoio_04