Longe de ser masmorra, cela em que Lula cumpre pena por corrupção não é a sala de reuniões do PT

Desde a sua fundação, em 10 de fevereiro de 1980, o Partido dos Trabalhadores enfrenta um problema que parece não ter solução: dificuldade para combinar o discurso. Essa deficiência é tão notória, que transformou-se em marca registrada da legenda. Até porque, enquanto um petista aposta em determinado palavrório, outro adota cantilena oposta.

Durante a visita dos filhos e de um neto, Lula, a mola-mestre do Petrolão, disse que a “sala especial” em que está preso é muito melhor do que os lares de muitos brasileiros. Em outras palavras, o petista-mor não tem reclamação sobre a cela “vip” em que cumpre pena de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

Na descabida visita que fizeram à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, com o objetivo de conferir as condições da cela que abriga o petista, onze esquerdistas da Comissão de Direitos Humanos do Senado constataram que o local é adequado e que o ex-presidente é bem tratado pelos agentes federais. A mesma constatação foi feita na carceragem da PF, onde encontram-se alguns dos presos no escopo da Operação Lava-Jato.

Após o encontro, que não passou de armadilha para viabilizar uma visita política, os senadores externaram preocupação com o isolamento do condenado Lula. Quando estava a se beneficiar do maior e mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, Lula contou com a impunidade e jamais se preocupou com a possibilidade de um dia acabar na prisão. E nessa condição não razão para reclamações, pois um local dessa natureza não é a sala de reuniões do PT.


Cientes de que a ausência de Lula pode impor ao PT cizânia jamais vista, levando o partido à derrocada, membros da cúpula petista esforçam-se para prolongar o discurso de vitimização como forma de manter a unidade partidária por mais algum tempo. Sempre na esperança de que em algum momento, em breve, Lula reconquiste a liberdade, mesmo que provisória.

A reboque desse enredo marcado pela dramatização, o senador Humberto Costa (PT-PE), que integrou a comitiva que viajou à capital paranaense, classificou a tal cela como “masmorra” e “solitária”, apesar de reconhecer que as condições do local são boas, diferentemente da realidade enfrentada pela extensa maioria dos 700 mil presos existentes no Brasil.

É preciso lembrar aos “camaradas” que o local em que Lula está preso não pode ser transformado em ponto de romaria da esquerda nacional, pois o Código de Processo Penal estabelece regras para visitas. Do mesmo modo, a cela não é um diretório petista qualquer, onde integrantes da legenda reúnem-se para decidir se podem decidir.

Ninguém chega ao Senado Federal no vácuo da tolice, mas quando preciso a ignorância de conveniência entra em ação. Humberto Costa deveria consultar os bons dicionários do idioma pátrio, pois masmorra é uma prisão subterrânea, escura, lúgubre e sem acesso à luz solar. Ao contrário, Lula está preso em cela especial, com direito a mordomias como televisão, cama com colchão, chuveiro elétrico e banhos de sol diários.

A Justiça precisa estar atenta às esparrelas, pois parlamentares esquerdistas apelarão a manobras espúrias para viabilizar visitas ao responsável pela roubalheira sistêmica que arruinou o País. E para isso, desde já, reforçam o discurso de que o ex-presidente é um preso político, quando na verdade cumpre pena por crimes comuns.

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