Cambridge Analytica anuncia fim das atividades, mas investigações sobre uso indevido de dados continuam

A consultoria britânica Cambridge Analytica, centro do escândalo do uso indevido de dados de dezenas de milhões de usuários do Facebook, anunciou na quarta-feira (2) o fim “imediato” de todas suas atividades. A empresa é acusada de acessar informações de 87 milhões de usuários da rede social no desenvolvimento de técnicas que beneficiaram a campanha eleitoral de Donald Trump em 2016.

Em comunicado, a consultoria afirmou que está sendo alvo de “acusações infundadas” e destacou que está sendo “difamada por atividades que não só são legais, mas também amplamente aceitas como um componente padrão da publicidade online, tanto na área política como na comercial”.

A empresa afirmou também que não é mais possível continuar operando os negócios. “O cerco da cobertura da imprensa afastou praticamente todos os clientes e fornecedores da companhia”, destacou.

Tanto a Cambridge Analytica quanto sua matriz, a SCL Elections, iniciaram os procedimentos para declarar-se insolventes no Reino Unido, segundo informa a nota, e a primeira também pretende começar um processo legal similar nos Estados Unidos.


Contratada pela campanha eleitoral do republicano Donald Trump, a Cambridge Analytica nega ter usado ilegalmente os dados dos usuários da rede social. Recentemente, o Facebook admitiu que a consultoria teve acesso a informações de 87 milhões de perfis. O vazamento teria ocorrido em 2014.

A Cambridge Analytica foi criada em 2013, com foco em eleições americanas, e se estabeleceu no mercado como uma fornecedora de pesquisas, publicidade direcionada e serviços relacionados a dados oferecidos aos setores empresarial e político.

Em 17 março, o escândalo do uso indevido de dados veio à tona. Em reação, a Cambridge Analytica suspendeu seu presidente-executivo, Alexander Nix, enquanto aguarda uma investigação independente sobre o caso.

O escândalo transformou o Facebook em alvo de investigações de autoridades reguladoras e promotores públicos dos Estados Unidos. Políticos da Europa e dos EUA convocaram ainda o fundador da rede social, Mark Zuckerberg, a se explicar.

Contudo, independentemente da decisão de encerrar as atividades, os diretores da Cambridge Analytica terão de prestar depoimento ás autoridades britânicas no inquérito que apura as noticiadas irregularidades. (Com agências internacionais)

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