Desde que o nome do ex-presidente Lula – condenado e cumprindo pena de prisão em Curitiba – surgiu oficialmente no lamaçal que deu origem à Operação Lava-Jato, o UCHO.INFO afirma que o maior problema para o petista é o sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), cujo enredo é tão complexo quanto inexplicável.
Lula, como sempre, insiste em negar envolvimento nos muitos escândalos de corrupção que o ameaçam, mas é impossível afirmar que o polêmico sítio não lhe pertence, mesmo que oficialmente esteja registrado em nome de terceiros – Jorge Bittar e Jonas Suassuna Filho, sócios do prodígio Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.
Há nessa epopeia criminosa um sem fim de contradições, mas a pior delas ficou por conta de Itamar de Oliveira, ex-segurança de Lula que depôs na condição de testemunha de defesa de Rogério Aurélio Pimentel, ex-assessor do petista-mor.
Em depoimento à Justiça, Oliveira disse que em relação a assuntos do sítio limitava-se a cumprir ordens de Marisa Letícia Lula da Silva, morta em fevereiro de 2017. “Dona Marisa determinava o que era para eles fazer, passava para mim, e eu ia fazer o serviço”, declarou o ex-segurança.
“Se não tivesse lá, a gente tinha que passar um pronto para ela. Retornava para a residência e aí passava tudo o que ela pediu, o que foi feito e o que não foi feito”, emendou Oliveira em seu depoimento.
Para complicar ainda mais a dificílima situação do ex-presidente da República, Itamar de Oliveira afirmou que durante o período em que trabalhou para a família do petista (2005-2011) ia ao sítio “três ou quatro vezes ou mais por semana”.
Pois bem, se o sítio não é de propriedade de Lula, como ele próprio alega, causa estranheza o fato de Dona Marisa ter dado ordens em relação à propriedade e os então assessores irem com tanta frequência ao imóvel.
Esse cenário respalda com enorme clareza os resultados da investigação, que encontrou no tal sítio inúmeros pertences pessoais do casal Lula da Silva. Ato contínuo, o depoimento de Itamar de Oliveira dá respaldo à denúncia do Ministério Público Federal (MPF), para quem o imóvel pertence a Lula.
Por enquanto, o discurso combinado entre os envolvidos no imbróglio criminoso ainda surte efeito, mas o prazo de validade dessa eficácia está próximo do fim. Isso porque os personagens dessa trama não conseguirão esconder a verdade por muito tempo.
Responsável pelo gerenciamento dos imóveis da família de Jacó Bittar – pai de Jorge Bittar e amigo de longa data de Lula –, Celso Silva Vieira Prado afirmou à Polícia Federal, em março de 2016, que jamais soube da existência do sítio Santa Bárbara.
“O declarante praticamente toma conta de diversos negócios da família, representando-os junto órgãos públicos empresas privadas”, registro o termo de depoimento do gestor dos imóveis de Bittar.
“Não conhece pessoalmente sítio registrado em nome de Fernando Bittar, na cidade de Atibaia, não sabendo se realmente sítio de sua propriedade,” destaca o documento. No depoimento à PF, Celso Vieira Prado declarou que “apesar de visitar rotineiramente as propriedades da família (Bittar), tais visitas não incluem sítio de Atibaia”.
O caso do sítio Santa Bárbara fará com que Lula permaneça atrás das grades por muito tempo, pois, mesmo que a Constituição Federal garanta aos cidadãos o direito de não produzir provas contra si, negar a propriedade do mencionado imóvel é o ápice da desfaçatez. Assunto que o ex-presidente conhece com impressionante profundidade.