Empacado nas pesquisas, Alckmin continua “passando o chapéu” na tentativa de impulsionar candidatura

Desde os primeiros momentos da corrida ao Palácio do Planalto, o UCHO.INFO insiste na tese de que Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo e presidente nacional do PSDB, deveria concorrer ao Senado, não à Presidência da República. É fato que o tucanato descarta essa hipótese, mas não há como negar que nossa sugestão é a mais lógica em termos políticos e eleitorais. Afinal, Alckmin teria chances concretas de ser eleito, ao mesmo tempo em que, se eleito presidente, ficaria livre da pilha de problemas que repousa sobre a principal escrivaninha palaciana.

Por maior que seja a ousadia, nenhum candidato conseguirá resolver em quatro anos de mandato os problemas que afligem o País e a sociedade. E quem surgir em cena com essa promessa estará vociferando uma monumental e sonora mentira.

Com a candidatura empacada abaixo dos 8% de intenção de voto, Geraldo Alckmin tem dado mostras de que sofre de falta de visão política. Em qualquer eleição, o tempo de televisão dos partidos é ingrediente de relevada importância em qualquer estratégia de campanha. Vale tanto ou mais do que dinheiro. Por isso, Alckmin vem contatando lideranças dos mais diversos partidos na esperança de formar uma aliança com vistas à eleição presidencial de outubro próximo.

Recentemente, o presidente dos tucanos procurou o senador paranaense Alvaro Dias, presidenciável do Podemos, que deixou o PSDB por discordar de muitas decisões da cúpula do partido, em especial no tocante ao impeachment de Dilma Rousseff. O senador era a favor da defenestração da chapa Dilma-Temer, não apenas da petista. Não obstante, Alvaro Dias, por diversas vezes, entrou em rota de colisão com a direção da legenda, que aceitou participar do governo de Michel Temer.

Nas pesquisas, Alvaro Dias apresenta bom desempenho nas regiões Sul e Sudeste, onde Alckmin patina e tenta reverter o cenário. O ex-governador paulista, através de emissários, chegou a oferecer à direção do Podemos cargos em secretarias estaduais, mas a conversa não prosperou.


Agindo como “biruta de aeroporto”, Alckmin aguarda o apoio do Democratas, que continua sem saber que caminho tomar. Enquanto isso não acontece, Geraldo Alckmin flerta com outras legendas e nega alianças com alguns partidos.

Em entrevista à rádio Jovem Pan, nesta terça-feira, Geraldo Alckmin foi categórico ao afirmar que não terá o apoio do MDB. O presidenciável tucano tem o direito de escolher seus aliados, mas é miopia política em último grau descartar aliança com um partido que comanda a máquina federal, detém largo tempo de televisão e esbanja capilaridade política invejável. Afinal, o MDB é o único partido com presença política em todas as cidades brasileiras.

Alckmin pode alegar que uma aliança com o MDB aumentaria sobremaneira o fardo a ser carregado, mas não se pode mirar apenas os escândalos que rondam o presidente Michel Temer e seus assessores mais próximos. Ademais, o PSDB não fica longe em termos de escândalos.

Se por um lado Alckmin apela novamente ao “bom-mocismo” para descartar o apoio emedebista, por outro trabalha para ter o apoio do Partido da República (PR), controlado Valdemar Costa Neto, conhecido como “Boy”. Na conversa com o “dono” do PR, Geraldo teria sugerido o nome do empresário Josué Gomes da Silva como candidato a vice na chapa tucana.

Condenado a sete anos e dez meses de prisão na Ação Penal 470 (Mensalão do PT), por corrupção e lavagem de dinheiro, Costa Neto, que foi indultado em 2016, não enverga a melhor das reputações no universo político.

Para quem é obrigado a carregar no bagageiro tucano os escândalos do senador Aécio Neves, o ex-governador de São Paulo parece desorientado em termos de apoio político-eleitoral. Quer distância do MDB de Michel Temer, mas aceita juntar-se ao PR de Valdemar Costa Neto.