Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e um dos mais polêmicos integrantes da Corte, Gilmar Mendes continua fazendo jus ao título de “libertador-geral da República”. Isso porque nesta segunda-feira (25) o magistrado colocou em liberdade mais um doleiro flagrado preso na “Operação Câmbio, Desligo”, da Polícia Federal.
O alvo da decisão do ministro do STF é o doleiro Marcelo Rzezinski, que terá de cumprir medidas cautelares, como, por exemplo, entrega de passaporte, proibição de deixar o País e de manter contato com outros investigados pela PF.
A “Câmbio, Desligo” desmontou um esquema bilionário de movimentação de recursos ilícitos no Brasil e no exterior. As movimentações financeiras eram realizadas a partir de operações conhecidas como “dólar cabo”, movimentação paralela de recursos que não passa pelo sistema bancário, privilegiando a entrega de dinheiro em espécie, o pagamento de boletos e compra e venda de cheques recebidos por comerciantes.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a atuação dos doleiros viabilizou transações com recursos desviados durante a o governo de Sérgio Cabral Filho (MDB), no Rio de Janeiro.
O esquema criminoso era comandado por Dario Messer, conhecido como o “doleiro dos doleiros” e que desde a deflagração da “Câmbio, Desligo” está foragido. Messer estava no Paraguai, mas seu paradeiro é desconhecido. Advogados paraguaios e brasileiros tentam negociar um acordo com autoridades de ambos os países, em especial as do Brasil, onde o doleiro poderia firmar acordo de delação.
“Câmbio, Desligo”
A “Câmbio, Desligo” tornou-se possível a partir da delação dos doleiros Vinícius Vieira Barreto Claret, o “Juca Bala”, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony, presos em 2017 no Uruguai e que detalharam aos investigadores o mecanismo das remessas ilegais de dinheiro ao exterior.
Juca Bala e Tony eram integrantes de esquema ilegal de remessa de recursos ao exterior que envolvia o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (MDB), e revelaram a existência de um sistema chamado Bank Drop, composto por 3 mil offshores em 52 países, com as respectivas contas bancárias, e que movimentou US$ 1,6 bilhão.
Para consumar as transações ilícitas, os doleiros contavam colaboradores espalhados ao redor do planeta e usavam dois sistemas bancários informatizados próprios, o “BankDrop” e o “ST”, que funcionavam à margem do sistema financeiro oficial.
O “BankDrop” guardava detalhes das operações no exterior. O “ST”, por sua vez, funcionava como conta corrente, detalhando operações de compra e venda com dados de contas bancárias, beneficiários, datas e valores, inclusive das transações internacionais.