Governador Márcio França e prefeito Bruno Covas precisam agir para evitar corrupção nos estádios de SP

Ainda enfrentando as devastadoras consequências da mais grave crise econômica da sua história, o Brasil tenta se reerguer com muito esforço, mas alguns fatores impedem essa reentrada em cena. No rastro desse estrago produzido pela irresponsabilidade e pelo populismo barato adotado pelos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, o desemprego persiste como a mais trágica herança de uma era a ser esquecida.

Sobreviver nesse ambiente de incertezas tem levado a população a uma “ginástica” diária sem precedentes, exigindo mudança de hábitos de consumo, supressão de produtos, substituição de marcas e outras manobras. Mesmo assim, a falta de vagas de trabalho tem o brigado o cidadão a buscar alternativas de sobrevivência, o que de alguma maneira faz com que a tragédia seja menor, inclusive no âmbito dos números oficiais.

Entre essas alternativas, o trabalho informal vem ganhando força e espaço na economia, garantindo o sustento de muitas famílias País afora. Melhor isso do que a mendicância. Apesar do esforço de muitos brasileiros corajosos diante de tamanho desafio, agentes do Estado impedem uma atividade honesta, mesmo que não legalizada.

Não é de hoje que o UCHO.INFO denuncia a ação criminosa de fiscais da Prefeitura de São Paulo no entorno dos estádios de futebol, com o intuito de cobrar propinas de ambulantes que, mesmo sem licença, tentam trabalhar para conseguir algum dinheiro para sustentar a família. No último sábado (21), no entorno do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, fiscais da Prefeitura, voltaram a achacar ambulantes que tiveram de pagar R$ 300 para poder trabalhar. Atrás de um posto da Polícia Militar, pelo menos 30 vendedores de sanduiches e bebidas garantiram R$ 9 mil em propina aos fiscais.


O prefeito Bruno Covas, que pretende acabar com esse tipo de comércio, deveria antes de tudo punir os fiscais corruptos, exonerando-os a bem do serviço público, como determina a legislação vigente. De igual modo, o alcaide paulistano precisa enquadrar com o devido rigor o secretário das Prefeituras Regionais, Marcos Penido, que continua fingindo ignorar a roubalheira sistêmica. Para quem desconhece ou não se recorda, Penido foi responsável até recentemente pela Secretaria de Serviços e Obras, envolvida no escândalo da PPP da Iluminação Pública da capital paulista. Como prêmio, Penido foi transferido de pasta, com direito a levar na bagagem o conturbado processo da PPP.

Há nesse enredo criminoso um detalhe bizarro. O responsável pelo esquema de cobrança de propina dos ambulantes é um dos que cobravam aluguel dos moradores do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, na região central da cidade de São Paulo, que incendiou e desabou no último dia 1º de maio.

Mas os escândalos oficiais na partida entre as equipes do São Paulo Futebol Clube e Corinthians, válida pelo Campeonato Brasileiro, não pararam por aí e não foram exclusividade da municipalidade. Um guardador de carros, o famoso “flanelinha”, estava na região aproveitando o evento para ganhar algum dinheiro honestamente, mesmo que de forma ilegal, quando foi preso por policiais militares.

Não se trata de condenar a ação da PM, mas de questionar a forma como agiram os representantes da corporação. O “flanelinha” foi preso, agredido e teve R$ 420 apreendidos pelos policiais, o que configura flagrante ilegalidade. O correto seria levar o transgressor ao distrito policial mais próximo e lavrar boletim de ocorrência com o devido termo de apreensão do valor. O “flanelinha” foi solto pelos policiais por volta das 2 horas da manhã de domingo (22), quando não havia mais ônibus na região que permitisse que ele voltasse para casa.

Querer consertar o País na base da violência e do pé de cabra, enquanto políticos – com mandato eletivo ou favorecidos pelo compadrio – roubam descaradamente, não é o melhor caminho. É preciso que os governantes tomem conhecimento das situações comezinhas do cotidiano, pois a realidade está nos detalhes que fazem o todo. Desde já, e mais uma vez, o UCHO.INFO está pronto e com as páginas abertas para publicar as respostas do governador de São Paulo e candidato à reeleição, Márcio França, e do prefeito Bruno Covas.