A morte do jurista Hélio Bicudo nesta terça-feira (31), aos 96 anos, tira da cena brasileira um dos grandes e mais aguerridos defensores dos direitos humanos, tendo atuado com firmeza quando, entre 1969 e 1971, como promotor de Justiça de São Paulo, combateu o temido “Esquadrão da Morte”, que executava criminosos. Os presos eram retirados a esmo das celas do presídio Tiradentes e executados a tiros.
À época, um delegado de polícia, que se identificava como “Lírio Branco”, ligava para os jornalistas informando sobre a execução dos criminosos. Hélio Bicudo travou uma árdua guerra contra o misterioso delegado, que após longos anos teve a identidade revelada, mas o UCHO.INFO prefere preservá-la, pois o mesmo já é falecido.
Além de jurista renomado e promotor de Justiça, Hélio Bicudo foi jornalista, deputado federal e vice-prefeito de São Paulo na gestão de Marta Suplicy. Em 1959, assumiu a secretaria da Casa Civil do governo de Carvalho Pinto, em São Paulo. Na presidência de João Goulart, foi chefe de gabinete do Ministério da Fazenda, que tinha Carvalho Pinto como titular, em 1963.
Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, Bicudo foi candidato a vice na chapa encabeçada por Lula na eleição ao governo de São Paulo em 1982. Na gestão de Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo, comandou a Secretaria dos Negócios Jurídicos entre 1989 e 1990.
Eleito deputado federal em duas ocasiões (1990 e 1994), Hélio Bicudo integrou, em 1997, a comissão interna de sindicância do PT que investigou contratos entre empresas do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, e prefeituras comandadas por petistas (Investigado na Operação Lava-Jato, Teixeira defende Lula no âmbito do Petrolão). No livro “Minhas Memórias”, lançado em 2007, Bicudo lamenta não ter avançado nas investigações, que poderiam chegar até Lula.
Entre 1998 e 2001, Hélio Bicudo presidiu a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 2005, deixou o PT, junto com outros militantes como Plínio de Arruda Sampaio, contrariado com a postura do partido no escândalo do mensalão. Disse na época que a legenda havia “desviado de sua rota” e se afastado dos “ideais éticos e morais”. Na ocasião por não se filiar a outro partido.
Hélio Bicudo foi signatário do pedido de impeachment da petista Dilma Vana Rousseff, ao lado dos também juristas Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal.