Em termos político-eleitorais, o País vive um momento sui generis, com mais de 200 milhões de analistas políticos e especialistas em eleições. A esmagadora maioria caiu de paraquedas em terreno desconhecido, mas regurgita falso conhecimento aos quatro cantos, profetizando vitória de seus respectivos candidatos, como se cada um tivesse uma bola de cristal no criado-mudo.
O mesmo acontece com alguns candidatos, que apostam nos resultados de pesquisas, sem ao menos analisá-las no todo. E quando fazem, não demoram a ver acesa a luz amarela da campanha. Isso acontece quando candidatos correm os olhos sobre os índices de rejeição, mais importantes do que os de intenção de voto. Esse pavor também entra em cena quando os institutos de pesquisa simulam disputas de segundo turno.
No último sábado (4), a campanha do empresário João Agripino da Costa Doria Junior, candidato do PSDB ao governo paulista, entrou em estado de alerta por conta do avanço de Paulo Skaf, que participa da corrida ao Palácio dos Bandeirantes pelo MDB.
Há algumas semanas, o UCHO.INFO afirmou que em pouco tempo Doria poderia ser incomodado com o crescimento do candidato Paulo Skaf, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a poderosa FIESP, algo que ficou comprovado na recente pesquisa Ibope, cujos resultados foram divulgados pela Band. De acordo com o levantamento, no primeiro turno da eleição ao governo de São Paulo ambos os candidatos estão tecnicamente empatados, o que sugere uma disputa ainda mais acirrada de agora em diante.
Porém, a preocupação maior na campanha tucana surgiu a partir de outro dado: em simulação de eventual segundo turno, se a disputa fosse hoje, Paulo Skaf venceria João Doria com quatro pontos percentuais de diferença. Para quem vinha destilando soberba e empáfia por onde passava, Doria começa a se preocupar. Afinal, seu índice de rejeição é de 33%.
Ex-prefeito de São Paulo – abandonou o mandato quinze meses após assumir o posto –, João Doria é avesso ao contraditório e prefere não ouvir críticas à sua gestão à frente da maior cidade brasileira. Mas o tucano deve se preparar, pois o escândalo da PPP da Iluminação Pública deve render novos e rumorosos capítulos.
Há dias, a Controladoria da Prefeitura da Prefeitura de São Paulo, em documento de 80 páginas, concluiu que o processo da PPP da Iluminação foi marcado por inúmeras irregularidades e pecou enormemente em questões de lisura e legitimidade.
O Consórcio vencedor (FM Rodrigues/Consladel) apresentou preço 30% maior que o do concorrente (Walks), mas acabou assinando contrato no valor de R$ 7 bilhões, por um período de 20 anos. O contrato foi suspenso por determinação da Justiça após divulgação de áudios que comprovam corrupção no Departamento de Iluminação Pública de São Paulo – Ilume.
Durante a tramitação do processo da PPP, a empresa FM Rodrigues era contratada pela Prefeitura de São Paulo para manter a iluminação da capital paulista. As provas apresentadas ao Ministério Público e à Controladoria da Prefeitura de SP são incontestáveis, mas ainda há outros detalhes comprometedores que serão revelados em breve.
A situação deve piorar sobremaneira quando o MP esclarecer a eventual participação da Prefeitura de São Paulo na reforma do santuário do popular padre Marcelo. De acordo com provas de posse dos procuradores, a empresa FM Rodrigues teria executado serviços de adequação e modernização da iluminação do palco do santuário. A ex-primeira-dama da cidade de São Paulo, Beatriz Maria Bettanin Doria, próxima do padre Marcelo, foi chamada pelo MP para depor como testemunha.