Moro acerta ao transferir audiências do caso do sítio de Atibaia, mas defesa de Lula critica decisão

Responsável pelas ações penais resultantes da Operação Lava-Jato, o juiz federal Sérgio Moro decidiu, nesta quarta-feira (15), postergar o interrogatório do ex-presidente Lula e de outros 12 réus na ação do sítio de Atibaia.

Em seu despacho, o magistrado não cita o ex-presidente de forma nominal, mas nas entrelinhas faz referência ao petista. “Um dos acusados foi condenado por corrupção e lavagem na ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000 e encontra-se preso por ordem do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região, tendo a medida sido mantida pelos Tribunais Superiores”, escreveu o juiz Sérgio Moro, em alusão ao processo envolvendo o apartamento triplex do Guarujá, que levou à condenação de Lula a de doze anos e um mês de prisão.

“Apesar disso, o acusado apresenta-se como candidato à Presidência da República. Caberá ao Egrégio Tribunal Superior Eleitoral decidir a respeito”, completou Moro. “A fim de evitar a exploração eleitoral dos interrogatórios, seja qual for a perspectiva, reputo oportuno redesignar as audiências,” prosseguiu. As audiências estavam marcadas para datas entre 27 de agosto e 11 de setembro, mas com a decisão devem ocorrer entre 5 e 14 de novembro.


Como esperado, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente, criticou a decisão de Moro, alegando que um processo criminal não poderia ter seus atos orientados pelo calendário eleitoral.

“A mudança das datas dos depoimentos, porém, mostra que a questão eleitoral sempre esteve e está presente nas ações contra o ex-presidente Lula que tramitam em Curitiba”, afirmou Zanin Martins.

Que o advogado aproveitaria a decisão do juiz da Lava-Jato para novamente fazer uma gazeta todos sabiam, mas é preciso reconhecer que Lula não perderia a oportunidade de transformar seu depoimento em palanque eleitoral.

Inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa, Lula deveria aceitar a ideia de que está condenado e cumprir a pena que lhe foi imposta sem maiores espetáculos, ciente de que concorrer ao Palácio do Planalto é um devaneio jurídico que só será possível se a banda contaminada do STF entrar em ação.

Enquanto isso não acontece, Lula poderia pensar na possibilidade de explicar aos brasileiros de bem como consegue custear uma defesa milionária e recheada de advogados badalados e caros.