Ao dizer que PSDB e PT buscam “indulto para Lula”, Bolsonaro mostra ser um néscio em questões legais

Candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro consegue a proeza de ser despreparado e caricato ao mesmo tempo. Sem ter ao menos uma proposta razoavelmente lógica, quando questionado sobre temas relevantes sempre recorre a respostas estapafúrdias, muitas vezes toscas e deselegantes, para camuflar sua conhecida incompetência. Algo patente no seu pífio programa de governo, objeto de loas de encomenda dos seus seguidores.

Há dias, quando questionado sobre a “cola” usada para fazer pergunta a Marina Silva, durante debate na Rede TV, Bolsonaro, visivelmente irritado, perguntou se o jornalista gostaria de saber a cor da sua cueca. Fugiu da pergunta com uma resposta inadequada, mas típica de quem defende a teoria “meter o pé na porta”.

Para alguém que se coloca como candidato ao mais alto cargo da nação, a postura de Bolsonaro é no mínimo questionável, tanto na questão da cola quanto na da cueca. Mas é o que sua truculenta tropa de choque quer ver e ouvir. Esse cenário esdrúxulo dá ao brasileiro com capacidade de raciocínio a oportunidade de antever o futuro, caso o capitão reformado do Exército vença a corrida presidencial.

Lula e Bolsonaro têm muitos pontos em comum, a começar pela aposta na insana estratégia de colocar a esquerda contra a direita e vice-versa, como se isso funcionasse verdadeiramente no âmbito da solução dos problemas do País. Bolsonaro vem repetindo de forma massiva que seu objetivo primeiro é eliminar o comunismo do País, não importando o restante das questões que afligem os brasileiros.

Sem ter algo a apresentar a ponto de convencer outra parcela do eleitorado, que não aquela que forma a sua seita, Bolsonaro, dentro da sua miopia política, rebateu, da pior maneira possível, declaração e Fernando Henrique Cardoso, que em entrevista ao jornal “O Globo” admitiu a possibilidade de um acordo entre PSDB e PT para derrotar o capitão reformado.


Para quem entende minimamente de política, sem usar o fígado para tanto, a declaração de FHC é lógica, porque Bolsonaro significa um perigoso passo ao autoritarismo. E quem viveu os horrores da era plúmbea sabe o que isso significa. Diferentemente do que alguns dito especialistas têm afirmado, eleitores do PSDB já admitem votar em candidato do PT caso o partido não esteja no segundo turno, e vice-versa.

Em vídeo postado nas redes sociais, Jair Bolsonaro rebateu: “Essa é a união do Mensalão com o Petrolão. É a certeza de que PT e PSDB são farinha do mesmo saco. Na verdade, o grande projeto deles é o indulto para Lula e os condenados no Mensalão e Petrolão. É a certeza de que o Brasil é deles e não de nós, brasileiros”.

Fala populista de quem desconhece a legislação e quer ludibriar a opinião pública com informações distorcidas ou mentirosas. Os condenados no Mensalão do PT já estão livres ou cumprindo pena em regime aberto, exceto o ex-publicitário Marcos Valério. Ou seja, não cabe indulto.

Em relação ao ex-presidente Lula, a concessão de indulto só é possível com o trânsito em julgado da sentença condenatória, o que não é o caso em questão. O indulto depende de alguns fatores condicionantes, como cumprimento de tempo mínimo da pena, bom comportamento e pagamento de multa pecuniária, entre outros. Ou seja, a concessão do indulto não é algo tão simples e fácil quanto Bolsonaro tenta “vender” aos eleitores.

Considerando que o indulto, cumprida as exigências, é concedido tomando por base cada condenação, Lula não seria contemplado com o benefício, pois é grande a chance de ser condenado no caso do sítio de Atibaia, cujo conjunto probatório aponta com clareza os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. E mais uma vez Bolsonaro induz o eleitorado a erro com essa fala embusteira.

Alguém de dizer que Bolsonaro não é obrigado a saber de questões jurídicas, mas é esse argumento é muito raso para quem ousa afirmar que é a única pessoa capaz de resolver os problemas do País. O candidato do PSL não é obrigado a saber de economia, legislação, saúde, educação, tecnologia, planejamento… Afinal, o que ele sabe?