(*) Ucho Haddad
“É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.” (Constituição Federal de 1988, artigo 5º, inciso IV)
Em tempos nada sombrios para a democracia brasileira, opinar, dependendo da opinião, transformou-se em crime sob os olhos daqueles que sonham em transformar o Brasil à base do pé de cabra, da bala, do bate e arrebenta, do coturno derrubando a porta. Essa é a receita defendida pelo James Bond de Pindorama, cuja estupidez o leva a dizer aos quatro cantos ser a única solução para os problemas nacionais. Pobre Brasil!
A turba do JB (leia-se James Bond), que se esparrama pelas redes sociais, não aceita uma só crítica que possa comprometer a imagem de alguém que se sobressai apenas e tão somente pelo despreparo e pelo discurso dissimulado. Talvez seja o ocaso permanente de uma aludida genialidade que jamais existiu. Seus aduladores, sempre acionados de forma coordenada, batem continência a qualquer tempo e entram em ação como kamikazes dispostos a liquidar aqueles que foram guindados à condição de inimigos.
O meu direito à opinião é sacro e ninguém conseguirá violá-lo, mesmo que uns ou outros ousem dizer que aos jornalistas cabe apenas o dever de informar, nada mais. Engana-se quem pensa dessa maneira, pois o exercício do jornalismo passa obrigatoriamente pela liberdade de expressão, que por sua vez nasce do compromisso de informar. E que assim não fosse, opinaria do mesmo modo, sem medo, pois submissão é para covardes e capachos de aluguel.
De nada adianta criticar com base em fatos e amparado na lei, porque aos seguidores do JB (leia-se James Bond de Pindorama) importa se a verdade serve ou não ao salvador da pátria. Dizem esses gênios de camelô que as leis pouco importam, quer dizer, valem apenas para os adversários, para os criminosos da esquerda, os quais sempre mereceram – e ainda merecem – duras e ácidas críticas de minha parte.
Quando uma notícia verdadeira atinge o imaculado, não demora a surgir uma legião ensandecida a rotulá-la como mentirosa. O que não acontece de maneira pacífica, pelo contrário, até porque o líder da seita sequer sabe o estrito significado do vernáculo. O negócio é pé na porta e ponto final. Eis a nova receita de democracia que consta da cartilha de JB de Pindorama.
Sou adepto do debate civilizado, com responsabilidade, parcimônia e conhecimento, respeitando o contraditório. Abomino patrulhamento ideológico, principalmente de quem se submete a oportunistas imbecis que surgem em meio ao furdunço com a solução em punho, como se ninguém soubesse quem são.
Entre os seguidores da seita há quem diga – e não são poucos – que meus escritos nada valem, mas causa estranheza o fato de insistirem em ler o que escrevo. Há nessa teimosia burra algo estranho. Afirmam que estou errado e continuam lendo? Se não for parvoíce elevada à enésima potência, é masoquismo em último grau.
Dúzia e meia de sabujos arriscam a ensinar-me, vez por outra, o ofício do jornalismo. Talvez, depois de quarenta anos na profissão, ainda não tenha aprendido o ofício. Será? Pode ser, por que não? Quiçá os liderados sejam os corifeus da escrita.
Ajudei a desvendar o Mensalão do PT – há depoimentos de integrantes da CPMI dos Correios reconhecendo essa colaboração –, levei ao Ministério Público a denúncia que deu origem à Operação Lava-Jato – autoridades reconhecem isso (paro por aqui para não ser arrogante) –, mas será mesmo que desconheço o ofício do jornalismo? Ou será que exerço o jornalismo como manda o figurino apenas quando alço a esquerda à mira? Tudo depende de que lado está a súcia.
Os integrantes da seita desconhecem o dito popular “o pau que bate em Chico, bate em Francisco”. Talvez conheçam, mas o pau só pode bater em uma banda, porque na seara do JB de Pindorama sempre prevalece a batota. Prova disso são seus recorrentes destampatórios.
Alguns desses alabardeiros atravessam as noites a decorar um punhado de palavras empoadas e, do nada, passam a rutilar conhecimento que não têm, pelo menos na minha profissão. Longe de querer ser o escriba da Pólis, mas lição de moral de gente que tem vocação para guarda pretoriana é o fim.
O xamã da Botocúndia surge em meio à confusão acreditando ser possível mudar a realidade, da noite para o dia, com o tacape da estupidez, mas a mim não cabe o direito à crítica porque seus adoradores sentem-se injuriados. Lamento! Relembro: “É livre a manifestação do pensamento”. Sendo assim, não me intimidarei diante de ameaças, ofensas e ataques chulos e covardes de cacundeiros.
Só mesmo um desavisado conivente deixa-se levar pelos mimetismos e eufemismos cambaleantes de alguém que é a antítese daquilo que se esforça para representar, levando ao desespero seus adestradores.
Para o infortúnio do fã-clube do xamã, continuarei escrevendo e opinando a mais não poder, porque não tergiverso diante dos fatos, não faço jornalismo de encomenda, não recorro a meias-palavras, não escrevo com meia-tinta. Não busco no passado o erro de um para justificar no presente o erro de outro, como faz a turma da seita – isso é argumentação falha com raciocínio em pane.
Se JB (leia-se James Bond de Pindorama) sofre de lampejos de estultice, resta-me disparar meu usual bordão: Lamento! Não atropelo a verdade, mesmo por questões ideológicas, como fazem costumeiramente meus detratores, que inventam mentiras aos bolhões, mas esperneiam quando essas são desconstruídas. Pífios, limitam-se a acusar-me de esquerdismo, marxismo e outros “ismos”. Comportamento típico de filósofos de bataclã.
Aos pusilânimes, desejo força, pois além de intimidade com as palavras, o Criador presenteou-me com determinação, coerência e boa saúde (pelo menos por enquanto). Isso significa que nas minhas páginas, que longe estão de ser recepção de casa de alterne, continuarei opinando como e quando quiser, sempre com contundência, responsabilidade e compromisso com a verdade, gostem ou não os seguidores de James Bond de Pindorama.
(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, escritor, poeta, palestrante e fotógrafo por devoção.