Justiça dos EUA condena José Maria Marin, ex-presidente da CBF, a quatro anos de prisão

A juíza Pamela Chen, da Corte Federal do Brooklyn, no Distrito Leste de Nova York, condenou o ex-cartola brasileiro José Maria Marin a quatro anos de prisão pelos crimes cometidos na época em que foi presidente da CBF (2012 a 2015).

Acusado de participar de esquema de corrupção internacional que resultou no pagamento de US$ 154 milhões em suborno envolvendo competições futebolísticas como a Copa do Brasil, Copa América e Copa Libertadores da América, Marin já cumpriu 13 meses de detenção na Suíça e Estados Unidos. Por conta de bom comportamento, a pena anunciada nesta quarta-feira (22) será reduzia para 28 meses.

Além da pena de prisão, a magistrada impôs a Marin uma multa no valor de US$ 1,2 milhão, a ser paga em seis parcelas, a primeira vencendo em 180 dias, a contar de 20 de novembro, data da publicação da sentença. O ex-presidente da CBF, que também foi governador de São Paulo, terá US$ 3,35 milhões confiscados pela Justiça dos EUA por participação em esquema de recebimento de propinas.

Os advogados de Marin solicitaram à juíza Pamela Chen a transferência do ex-presidente da CBF para um complexo prisional da Pennsylvania, onde há melhores condições para o cumprimento da pena, diante dos seus problemas de saúde e da idade avançada (86 anos).

Antes do anúncio da sentença, Marin pediu à magistrada para ler um comunicado. Emocionado, ele disse: “Jesus Cristo carregou uma cruz. Eu carrego duas: a minha e a da minha esposa, Neusa”. Em seguida, pediu clemência à juíza e implorou: “há a herança da minha mulher, da minha família, não tire a sobrevivência dela.”


Pamela Chen anunciou sua decisão após ouvir as alegações da defesa, que pediu a imediata libertação de José Maria Marin, com base nos 13 meses de prisão já cumpridos.

“Marin é um bom homem, que ajudou a comunidade. Ele teve origem simples, e como jogador de futebol conseguiu ajudar a pagar seus estudos e direito para depois trabalhar nessa área e no mundo de negócios”, destacou Charles Stilman, advogado de Marin. “Ele chegou ao posto de governador de São Paulo e atuou na defesa do serviço público, inclusive em benefício de trabalhadores do setor ferroviário”, completou.

Por outro lado, o promotor Samuel Nitze contrapôs os argumentos da defesa. “Marin é um homem inteligente e esperto, que participou de forma deliberada de um grande esquema de corrupção envolvendo o mundo do futebol quando já tinha 79 anos. Ele já tinha dinheiro, tinha discernimento e não precisava envolver-se”, enfatizou Nitze.

Ao final, a juíza Pamela Chen fez considerações que serviram como reforço ao contraponto da promotoria. “O único argumento que consegue mitigar a pena é a idade do senhor Marin”, destacou a magistrada, lembrando que estabelecera pena entre 97 e 151 meses.

“O senhor Marin deixou o serviço público há mais de 30 anos e atuou no esquema de corrupção, do qual foi beneficiário, entre 79 e 82 anos. É difícil na minha mente conciliar sua participação nos esquemas milionários de pagamento de propinas do qual teria recebido cerca de US$ 10 milhões em 3 anos.”, disse Chen. “É preciso mandar uma mensagem forte para o mundo de que o crime não paga e que a lei precisa ser respeitada, não importando a idade das pessoas.”