Relatório da PF sobre esquema no Ministério do Trabalho coloca “abacaxi” no palanque de Alckmin

Mesmo como avanço da internet e principalmente das redes sociais, terreno fértil para a disseminação do ódio entre os seguidores de determinados candidatos, as eleições no Brasil ainda dependem da televisão. Isso faz com que partidos políticos negociem apoio a peso de ouro.

O maior tempo de televisão é o da candidatura de Geraldo Alckmin, que concorrer à Presidência da República pelo PSDB, mas o apoio do chamado “Centrão” traz na bagagem não apenas bônus, mas problemas difíceis de serem administrados: o envolvimento de políticos em escândalos – alguns e fase de investigação, outros já acusados formalmente. E Alckmin sempre soube da existência desse ônus.

No momento em que sua candidatura ainda não empolga o eleitorado – isso poderá acontecer com a propaganda eleitoral – e o tucanato começa a inquietar-se, Geraldo Alckmin tem sobre o palanque mais um abacaxi para ser descascado. A Polícia Federal finalizou os trabalhos de investigação no âmbito da Operação Registro Espúrio, que desmontou esquema criminoso no Ministério do Trabalho para fraudar registros sindicais em troca de gordas propinas.


A PF concluiu que ao menos 39 pessoas participaram da organização criminosa e encaminhou relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR), apontando que esquema era comandado por políticos, incluídos o ex-ministro do Trabalho Helton Yomura e os deputados federais Jovair Arantes (PTB-GO), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Paulinho da Força (SD-SP), Wilson Santiago Filho (PTB-PB) e Nelson Marquezelli (PTB-SP), além do presidente do PTB, Roberto Jefferson.

No relatório, a Polícia Federal menciona indícios de crimes de corrupção passiva, corrupção ativa e lavagem de dinheiro, sem individualizá-los. A partir de agora cabe à PGR decidir se apresenta denúncia contra os investigados ou pede arquivamento ao ministro-relator do caso no STF, Luiz Edson Fachin.

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, citado pela PF no relatório das investigações, é filiado ao Solidariedade, partido que integra a coligação que apoia a candidatura de Geraldo Alckmin. E o conturbado e trepidante currículo do sindicalista Paulinho da Força dispensa maiores apresentações. Isso significa que Alckmin sabia do problema que estava comprando.

Em relação ao sempre enrolado Roberto Jefferson, o candidato tucano rasgou elogios ao presidente nacional do PTB, afirmando que no caso do Mensalão do PT ele “teve papel importante colocando o dedo na ferida e mostrando os problemas do PT”. O que Geraldo Alckmin não mencionou é que Jefferson só soltou a voz no caso do mensalão do PT porque sabia que cedo ou tarde seria flagrado dividindo o butim.