Escândalo da PPP da Iluminação pode provocar apagão generalizado na campanha do tucano João Doria

Ex-prefeito da cidade de São Paulo e candidato do PSDB ao governo paulista, João Agripino da Costa Doria Junior insiste em vender aos eleitores a imagem de gestor de sucesso, mas essa missão começa a fazer água.

Recorrendo à ousadia em sua campanha rumo ao Palácio dos Bandeirantes, Doria tentou explicar logo no primeiro programa eleitoral a sua decisão de deixar a prefeitura paulista quinze meses após assumir o cargo. Disse o tucano que como governador poderá fazer muito mais pela cidade, mas tudo não passa de uma grande falácia, pois quem mora ou frequenta a capital dos paulistas sabe que o ex-prefeito nada fez enquanto prefeito. O pior é que seu sucessor, o também tucano Bruno Covas, segue na mesma toada.

A situação de João Doria tende a piorar sobremaneira ao longo da campanha, pois o escândalo da PP da Iluminação Pública, que foi pelos ares por conta de denúncia de corrupção, começa a ganhar novos capítulos no âmbito das investigações.

Como vem afirmando o UCHO.INFO ao longo dos últimos meses, um esquema de pagamento de propina acabou privilegiando o consórcio FM Rodrigues/Consladel, estranhamente declarado vencedor e que abocanhou contrato no valor de R$ 7 bilhões, válido por vinte anos. O contrato foi suspenso por determinação da Justiça depois da denúncia levada ao Ministério Público de São Paulo, com direito a um conjunto probatório incontestável.

A exemplo do que noticiou este portal, Doria sempre soube das irregularidades cometidas ao longo do processo licitatório, as quais tinham o claro objetivo de prejudicar o consórcio Walks e beneficiar o liderado pela FM Rodrigues, que já prestava à prefeitura serviços de manutenção da iluminação pública.

A aludida excelência de João Doria como gestor serviu para nada, uma vez que o então prefeito, mesmo ciente das absurdas e seguidas irregularidades, nada fez para punir os responsáveis por um processo licitatório viciado e direcionado.


O então secretário de Serviços e Obras, Marcos Penido, atualmente na Secretaria das Prefeituras Regionais, tinha sob seu comando o Departamento de Iluminação Pública de São Paulo (lume), responsável pela licitação, e atuou diretamente para beneficiar o consórcio vencedor, como comprova e-mail apreendido pela Controladoria-geral do Município, que entrou no caso após a mencionada denúncia de corrupção.

Doria não apenas tinha conhecimento das irregularidades, mas protegia Penido, que com sua saída foi transferido para a Secretaria das Prefeituras Regionais, por decisão de Bruno Covas. Não por acaso, Marcos Penido levou na bagagem o Ilume, que coordenou o processo licitatório e onde aterrissava a propina.

Em uma das muitas gravações entregues ao Ministério Público paulista, a então diretora do Ilume fala, em voz alta e sem qualquer cerimônia, que Marcos Penido e Julio Semeghini – tucanos de fina plumagem e pessoas de confiança de Doria – recebiam propina da Eletropaulo. No áudio a acusadora afirma com convicção “todo mundo sabe”. Em depoimento ao MP, a exonerada diretora mudou o discurso e em declaração de próprio punho e nada convincente desmentiu a acusação. Quem conhece os escaninhos da política nacional sabe que essa declaração e ata de condomínio têm o mesmo valor, ou seja, nenhum.

O candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes fica visivelmente irritado quando esse assunto volta à tona. Os assessores do tucano, por sua vez, entram em polvorosa e, ato contínuo, acionam a tropa de choque cibernética para investidas nada elegantes e coerentes.

Aos mais afoitos lembramos que o melhor a essa altura dos acontecimentos é manter a parcimônia, pois o nosso estoque de provas está mais para paiol lotado do que para arquivo em fim de investigação. E quem sabe a diferença entre um vernáculo e outro consegue avaliar o tamanho do estrago que pode surgir mais adiante.