Considerado pelos apoiadores do presidenciável Jair Bolsonaro como um dos últimos gênios da raça, mais um dos intocáveis da turma de salvadores da pátria, o general reformado Hamilton Mourão parece não viver bons momentos. Principalmente porque depois de declarações polêmicas o candidato a vice na chapa de Bolsonaro sempre tenta minimizar o estrago das próprias palavras. Foi assim no caso da “indolência dos indígenas e da malandragem dos africanos”, não foi diferente no caso da “fábrica de desajustados”.
Nesta terça-feira (18), horas depois de afirmar, em palestra na capital paulista, que famílias pobres “sem pai e avô, mas com mãe e avó” são “fábricas de desajustados” que fornecem mão de obra ao narcotráfico, Mourão foi repreendido por militares de seu entorno. Para os generais que participam da campanha de Bolsonaro, as falas de Hamilton Mourão só prejudicam a candidatura.
Não obstante, Mourão, no encontro com empresários do setor da construção civil, em São Paulo, usou o termo “mulambada” para referir-se aos parceiros do Brasil no Hemisfério Sul. “Nós nos ligamos com toda a mulambada, me perdoem o termo, do lado de lá e de cá do oceano na diplomacia Sul-Sul”.
Logo após Jair Bolsonaro ser alvo do criminoso ataque ocorrido em Juiz de Fora (MG), nos bastidores iniciou-se um movimento para saber quem assumiria o protagonismo da campanha. O PRTB, partido de Mourão, chegou a ensaiar um pedido ao TSE para que o general pudesse substituir o capitão nos debates, mas acabou desistindo.
Com Bolsonaro internado no Hospital Albert Einstein, na zona sul da capital paulista, Mourão assumiu alguns compromissos de campanha, mas declarações fora do tom acenderam o sinal amarelo em grupos de apoio à candidatura.
“As declarações não agregam valor a uma campanha. São brincadeiras que não fazem bem. Se seguir assim, vai prejudicar toda essa gente envolvida na campanha” – disse um militar aliado de Mourão, muito próximo a ele, destaca o jornal “O Globo”.
A frase sobre “mães e avós” e “fábrica de desajustados” precisa ser melhor analisada, na visão dos generais aliados de Mourão. “Ele falou bobagem. Se ele tem um diagnóstico sobre isso (sobre como a ausência paterna pode influenciar na formação e no destino do filho), tem de apresentar também uma solução para isso”, disse um dos generais ligados a Hamilton Mourão.
