Gostem ou não os fãs de Bolsonaro, Paulo Guedes pode estar com os dias contados como ministeriável

A declaração do economista Paulo Guedes sobre a criação de um novo imposto nos moldes da extinta CPMF causou enorme estrago na campanha de Jair Bolsonaro, a ponto de o presidenciável do PSL ter passado ruidosa carraspana no seu “Posto Ipiranga”. Por conta do episódio, Guedes terá de reduzir suas atividades de campanha e moderar a fala.

Muitos seguidores de Bolsonaro saíram em defesa de Paulo Guedes, alegando que o economista não abordou a criação de uma “nova CPMF” durante encontro promovido por empresa gestora de grandes fortunas, mas não é essa a realidade dos fatos. Um dos participantes do encontro, entusiasta de primeira hora da candidatura do capitão reformado do Exército, garantiu que a proposta da CPMF não foi cogitada por Guedes, mas outras pessoas que participaram da palestra dizem o contrário.

Após Bolsonaro cobrar explicações sobre o tema abordado na palestra, o economista criou rapidamente uma versão distinta para ser repassada à imprensa, que por sua vez tratou de divulgar a informação. Contudo, não se pode desconsiderar o fato de que a proposta de uma “nova CPMF” foi abordada por Paulo Guedes como forma de eliminar a contribuição patronal à Previdência Social, que passaria para um modelo de capitalização.


Na esteira da polêmica provocada por suas declarações, Paulo Guedes, como acima mencionado, foi forçado a consertar o estrago para não comprometer a candidatura de Bolsonaro, surgindo em cena com o discurso de que a ideia não é criar mais um imposto, mas unificar os muitos já existentes no âmbito federal. O problema é que ate agora, faltando menos de três semanas para a eleição, Paulo Guedes não explicou como fazer isso e quanto essa operação poderá custar.

Como afirmou o editor do UCHO.INFO no programa “Que País É Esse?”, Paulo Guedes é um economista excepcional em termos teóricos – a afirmação é de profissionais que trabalharam com ele –, mas na prática suas ideias encontram sérias dificuldades para deslanchar.

Por outro lado, quando anuncia a criação de uma alíquota única de Imposto de Renda na casa de 20%, Paulo Guedes penaliza os cidadãos que atualmente não pagam imposto ou estão nas faixas de 7,5% e 15%. Em outras palavras, o “Posto Ipiranga” de Jair Bolsonaro busca beneficiar os mais ricos, prejudicando os mais pobres.

Na opinião do UCHO.INFO, Paulo Guedes começa a enfrentar a chamada síndrome do técnico de futebol, que acredita na declaração do dirigente do clube que garante sua permanência no cargo. Quando isso acontece, pelo menos no Brasil, o técnico normalmente é demitido dias depois. Mas Guedes não terá problemas para sobreviver, pois dinheiro não lhe falta.