Candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad foi o entrevistado do Jornal da Globo na madrugada desta quinta-feira (20), ocasião em que minimizou o papel de Lula na transferência de voto para sua candidatura. Haddad pode dizer o que quiser, até porque o Brasil ainda é uma democracia, mesmo com os problemas que conhecemos, mas é impossível negar a realidade dos fatos.
Condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava-Jato e em vias de ser condenado no caso do sítio de Atibaia, no interior paulista, o ex-metalúrgico tem seu eleitorado cativo, é preciso reconhecer, mas ao mesmo tempo é a razão maior do anti-petismo, movimento que vem crescendo nos últimos anos em todo o Brasil.
Ex-prefeito da cidade de São Paulo, um dos mais importantes cargos públicos do País, Fernando Haddad até semanas atrás era pouco conhecido além das fronteiras paulistanas. Tanto é assim, que há dias, em evento de campanha, não foi reconhecido por uma vendedora de cachorro quente em cidade da Grande São Paulo.
Tentar descolar sua imagem da de Lula é algo compreensível por parte de Haddad, mas é preciso manter a coerência, pois sabe-se que sem a figura do ex-presidente, mesmo condenado, o PT simplesmente desaparece. Não fosse assim, o partido não teria brigado na Justiça para que Lula pudesse participar dos programas eleitorais da legenda.
A grande questão é que Haddad precisa criar um antídoto para os ataques dos adversários na corrida presidencial, que insistem em vincular Lula ao presidenciável petista. E é impossível não fazer isso, pois o próprio Fernando Haddad não apenas viajou a Curitiba diversas vezes para tomar a “bênção política” de Lula, mas disse que, se eleito, o ex-presidente será um importante conselheiro.
Em relação à concessão de indulto a Lula, o candidato do PT mais uma vez rechaçou essa possibilidade, até porque juridicamente isso é impossível. Há uma série de requisitos para a concessão do indulto, os quais Lula não preenche. Em suma, o melhor que Lula pode fazer é aceitar a condenação e cumprir a pena, enquanto sua milionária defesa tenta provar sua alegada inocência.