A verdade tarda, mas não falha. O Partido dos Trabalhadores, que gastou os últimos dois denunciando, com a conhecida e insuportável estridência, o aludido ‘golpe’ contra Dilma Rousseff, começa a mostrar suas entranhas.
O PT fez isso apesar de o tal golpe jamais ter existido, pois Dilma foi alvo de um processo legal, comandado por um ministro do STF, Ricardo Lewandowski (indicado por Lula), e sem que o amplo direito de defesa tivesse sido arranhado em algum momento. Contudo, quem estava a tramar um golpe, sem aspas, contra o processo político brasileiro era o PT.
Quem entregou o jogo foi a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), presidente nacional da legenda, durante debate em Ponta Grossa, no interior paranaense. A senadora revelou que, antes de Fernando Haddad se viabilizar como preposto de Lula na corrida presidencial, tornando-se um candidato competitivo e com possibilidades reais de vitória, o PT tramava levar o jogo para o tapetão.
“Chegamos a avaliar se não é o caso de denunciar o processo eleitoral brasileiro. Então lançamos Haddad e vamos disputar a eleição dentro de um processo político”, disse a petista.
Mesmo assim, Gleisi admitiu abertamente que o partido estudou jogar uma sombra de ilegitimidade sobre a eleição brasileira. A senadora ainda afirmou que “o PT estudou a hipótese de denunciar o processo eleitoral brasileiro em cortes internacionais”.
A manobra ficou evidente quando o PT cavou um parecer de um conselho consultivo da ONU (sem poder decisório, com a assinatura de 2 dos 18 integrantes) favorável à participação de Lula, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em duas instâncias, inelegível pelas leis brasileiras, nas eleições. Isso seria uma aberração jurídica.
O PT insistiu em impor essa “decisão da ONU”. Como a estratégia fracassou, apesar da fortuna gasta por Lula e pelo partido com caros e advogados, exceto pelo bisonho voto do ministro Luiz Edson Fachin, o PT cogitou não participar da eleição e denunciar o pleito internacionalmente.
A boa receptividade a à candidatura de Fernando Haddad interrompeu, pelo menos por enquanto, esse novo projeto de desmoralização do país. Se Haddad perder a eleição, por certo o projeto do golpe será retomado. O PT se prepara para denunciar qualquer outro resultado que não seja a vitória de Fernando Haddad como “golpe”. E na proa desse absurdo está Gleisi Helena Hoffmann.