Bolsonaro terceiriza intolerância da campanha e filho diz que “mulheres de direita têm mais higiene”

Candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro sabe que precisa convencer outros nichos do eleitorado para não ser derrotado na corrida ao Palácio do Planalto. Depois das muitas trapalhadas protagonizadas por integrantes do núcleo duro da campanha, Bolsonaro decidiu adotar um discurso mais ameno, no estilo “mensageiro da paz”, mesmo que isso seja mais uma farsa.

A estratégia visa cooptar os votos dos indecisos, que ainda resistem a votar em alguém movido pelo radicalismo e que prega a intolerância e a violência. Jair Bolsonaro, que eleitoralmente lucrou com o ataque de que foi vítima em Juiz de Fora, optou por amainar a verborragia, o que não significa que tenha mudado a forma de pensar. Na verdade, o que o candidato fez foi transferir o serviço sujo da campanha para algumas pessoas da sua confiança, como vem acontecendo nos últimos dias.

No final de semana, a ordem era atacar as pessoas que passaram a criticar o presidenciável do PSL, como, por exemplo, as mulheres que engrossam cada vez mais o movimento #EleNao. No domingo (30), o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do candidato à Presidência, disse, durante ato na Avenida Paulista, em São Paulo, que “as mulheres da direita são mais bonitas que as da esquerda”. A indigência intelectual que reina na campanha de Bolsonaro é tamanha, que tudo é permitido no afã de conquistar mais votos.

Somente alguém com pensamento binário é capaz de vociferar tamanha sandice. Não contente com seu besteiro, Eduardo Bolsonaro foi além e afirmou que as “mulheres de direita têm mais higiene”. Tal declaração mostra de maneira clara e inequívoca que a eventual eleição de Jair Bolsonaro representará um enorme retrocesso ao País. Um deputado federal, candidato à reeleição, que faz uma afirmação dessa deveria ter o mandato cassado por culto à intolerância. Mas como sempre afirma o UCHO.INFO, é certo e preciso o dito popular “o fruto não cai longe da árvore”.

O filho de Bolsonaro, que agora fala como preposto do pai, voltou a questionar a confiabilidade das urnas eleitorais. “Se ele não ganhar, vai ser roubado. Não vamos sair da rua se isso acontecer”, disse Eduardo Bolsonaro.

O presidenciável do PSL já fez essa declaração, mas preferiu recuar diante da reação de alguns notáveis juristas, que alertaram para o flagrante desrespeito ao Estado de Direito e à democracia. Como afirmamos acima, o serviço sujo foi transferido para os estafetas da campanha.


Pois bem, se Bolsonaro é o único candidato capaz de solucionar os problemas do País, como ele próprio afirma, e a vitória será no primeiro turno com mais de 80% dos votos, como garantem os ensandecidos bolsonaristas, não há razão para declarações estapafúrdias. Se isso encontra espaço no discurso dos adeptos do James Bond de Pindorama, é porque há algo errado nos bastidores da campanha.

Sobre a aludida vulnerabilidade das urnas e o fato de os eleitores de Bolsonaro não saírem das ruas a depender do resultado da eleição, cada um faz o que bem entender. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fraqueou o sistema de votação aos partidos para as devidas checagens, sendo que os que não fizeram aceitaram as regras. Quem continua desconfiando das urnas deveria não participar da eleição.

Com sete mandatos de deputado federal no currículo, Jair Bolsonaro foi eleito até agora por esse sistema de votação. Ou seja, contestar o sistema a essa altura dos acontecimentos é querer arrumar desculpa antecipada para uma eventual derrota.

Em relação a permanecer nas ruas, os seguidores de Jair Bolsonaro podem fazer o que for mais conveniente, desde que respeite o direito de ir e vir do cidadão. Que não queiram agir como os integrantes da esquerda, que bloqueiam ruas e avenidas como forma de protesto. Em suma, os bolsonáticos estão a provar que esquerda e direita são irmãs siamesas.

Filho de peixe

Em 13 de abril de 2018, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou denúncia contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por crime de ameaça. Algo que não assusta quem acompanha a trajetória do clã liderado por Jair Bolsonaro.

Por meio do aplicativo Telegram, Eduardo Bolsonaro enviou várias mensagens à jornalista Patrícia de Oliveira Souza Lélis dizendo que iria acabar com a vida dela e que ela iria se arrepender de ter nascido. Questionado se o diálogo se trataria de uma ameaça, respondeu: “Entenda como quiser”. O parlamentar escreveu ainda diversas palavras de baixo calão com o intuito de macular a imagem da companheira de partido: “otária”, “abusada”, “vai para o inferno”, “puta” e “vagabunda”.

A discussão ocorreu depois que Eduardo Bolsonaro postou no Facebook que estaria namorando Patrícia Lélis, que nega a relação. Além de prints das conversas que comprovam a ameaça, a vítima prestou depoimento relatando o crime. O relator do caso no STF é o ministro Luís Roberto Barroso.