Moraes diz que declarações de filho de Bolsonaro são “irresponsáveis” e quer investigação da PGR

Sem mencionar o nome do reeleito deputado federal Eduardo Bolsonaro, que provocou enorme polêmica ao afirmar, durante palestra realizada em julho passado, que bastaria apenas “um soldado e um cabo” para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes disse nesta segunda-feira (22) que as declarações do parlamentar são “absolutamente irresponsáveis”.

Moraes defendeu a abertura de investigação por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o parlamentar por crime tipificado na Lei de Segurança Nacional.

O magistrado proferiu nesta segunda-feira, em São Paulo, palestra para integrantes Ministério Público paulista e disse que a sociedade brasileira vive um “paradoxo”. “Porque mesmo com 30 anos de Constituição, temos que conviver com declarações dúbias, feitas de maneira absolutamente irresponsável, por um membro do Parlamento brasileiro”, afirmou. “É algo inacreditável que tenhamos que ouvir tanta asneira da boca de quem representa o povo. Nada justifica a defesa do fechamento das instituições republicanas.”


A alunos de um curso preparatório para concurso da Polícia Federal, Eduardo Bolsonaro, ao responder a uma pergunta sobre hipotética ação do Exército caso o STF tentasse impedir seu pai de assumir a Presidência, o deputado disse que bastariam “um soldado e um cabo” para fechar a Suprema Corte.

“Será que eles vão ter essa força mesmo (de impugnar)? O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF sabe o que você faz? Você não manda nem um Jipe, manda um soldado e um cabo. Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo. O que é o STF, cara? Tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que ele é na rua?”, questionou Eduardo Bolsonaro com seu costumeiro ar debochado, como se fosse o dono do Brasil.

Alexandre de Moraes deixou o evento sem dar entrevista, mas durante a palestra disse que as declarações do parlamentar merecem “imediata abertura de investigação” da PGR por incitar animosidade entre as Forças Armadas e instituições civis. “Não é possível que se afirme dizer que estava brincando, não se brinca com a democracia”, alertou o ministro.

“É algo inacreditável que tenhamos que ouvir tanta asneira da boca de quem representa o povo. Nada justifica a defesa do fechamento das instituições republicanas”, completou o indignado Alexandre de Moraes.