Para 74% dos brasileiros, homossexualidade deve ser aceita pela sociedade, aponta o Datafolha

Que Jair Bolsonaro é homofóbico todos sabem, até porque ele próprio já reconheceu isso publicamente, mas o candidato abusou do oportunismo eleitoral ao modular sua intolerância de acordo com o pensamento retrogrado de uma parcela da população. Foi então que surgiu o discurso covarde e rasteiro do “kit gay”, que Bolsonaro inventou para atacar seu principal adversário na aleiecao presidencial, o PT.

O termo “kit gay” foi usado pelo presidenciável do PSL para referir ao projeto “Escola contra a Homofobia”, que Fernando Haddad tentou implantar enquanto ministro da Educação. O projeto nada tem a ver com a indução das crianças ao homossexualismo, como tenta fazer acreditar Bolsonaro, mas ensina o respeito às diferenças. O que é importante para o convívio em sociedade, algo que Bolsonaro e seus seguidores não sabem e sequer aceitam. Haja vista os crimes cometidos contra homossexuais.

Ao longo da campanha presidencial, muitas informações falsas sobre o tal “kit gay” foram disseminadas nas redes sociais pelos apoiadores de Jair Bolsonaro, que não se preocuparam com a veracidade do material compartilhado. Quando questionados sobre a falsidade da informação, ora optavam pelo silêncio, ora alegavam que o importante era derrotar o PT. Em uma democracia madura, eleição vence-se à sombra de propostas, não na esteira de mentiras. E mentiras existiram dos dois lados, o que é lamentável.


De acordo com pesquisa do instituto Datafolha, para 74% dos brasileiros a homossexualidade deve ser aceita por toda a sociedade, enquanto 18% pensam que deve ser desencorajada pela população. Há ainda 8% que não opinaram sobre o tema.

Para 67% dos eleitores de Bolsonaro a homossexualidade deve ser aceita e para 25%, desencorajada. Entre eleitores de Haddad, esses índices são, respectivamente, de 83% e 10%.

Os mais jovens (84%), segundo a pesquisa, têm mais aceitação à ideia de que a homossexualidade deve ser aceita por todos, assim como os mais escolarizados (82%), mais ricos (82%) e católicos (80%).

Esse índice de aceitação fica abaixo da média entre os mais velhos (64%), menos escolarizados (67%), na região Norte (65%) e entre evangélicos (57%, ante 33% que acreditam que deve ser desencorajada).

Apesar de declarações do candidato consideradas polêmicas em relação ao tema, o programa de governo de Bolsonaro não destaca nenhuma proposta para a população LGBT. O de Haddad dedica um capítulo ao tema e promete promover “o direito à vida, ao emprego e à cidadania LGBTI+, com prioridade para as pessoas em situação de pobreza” e a “criminalização da LGBTIfobia”.