Derrotado em sua tentativa de se reeleger senador pelo PT do Acre, Jorge Viana engrossa a fila de “companheiros” inconformados com a presidente nacional da legenda, Gleisi Helena Hoffmann, e sua desastrosa estratégia para o PT na campanha de 2018, centrada na denúncia do suposto golpe e no enfadonho mantra “Lula livre”.
O senador acriano é ainda mais severo com a correligionária, informa a coluna Radar da Veja. Em conversas com amigos, ele credita a Gleisi uma parcela significativa da responsabilidade por sua derrota no Acre, estado onde o PT foi praticamente varrido do mapa.
Poucas coisas são tão comuns quanto políticos procurando bodes expiatórios para justificar seus fracassos, como faz agora Jorge Viana. Mas, de fato, ele tem um álibi.
Muito antes do início da campanha, Viana já batia na tecla de que o PT pagaria caro se a presidente petista insistisse nas bandeiras que afastassem a legenda dos eleitores moderados. A visão de Jorge Viana é semelhante ao do senador eleito Jaques Wagner, que defendeu uma aliança com Ciro Gomes como forma de não apenas evitar uma sangria no partido, mas de poupar a esquerda de maiores prejuízos eleitorais.
Sem perceber a formação de um tsunami contra o petismo, Gleisi Helena insistiu nas velhas bandeiras, denunciando a existência de um ‘golpe’ imaginário – derrubado definitivamente pelos eleitores mineiros com a derrota imposta a Dilma – e fixando a campanha do PT em Curitiba, onde Lula cumpre pena de prisão (12 anos e um mês) por corrupção e lavagem de dinheiro.
Com essa fórmula estapafúrdia, Gleisi, assim como os petista mais fanáticos, acreditava que tudo que se desenrolava ao redor da legenda não passava da mais sórdida armação direitista.
Jorge Viana tinha tanta convicção de que essa cantilena marcada pelo absurdo fracassaria, que durante reunião da bancada do PT no Senado tentou, aos berros, alertas a “companheira” Gleisi do perigo que rondava sua estratégia. Mesmo assim, a senadora paranaense fez ouvidos moucos.