Condenado a doze anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, com novas condenações a caminho, Lula está longe de ser um perseguido político, como querem fazer acreditar seus mais fiéis e aguerridos “companheiros”. O ex-presidente da República vive o seu calvário por ter ancorado o maior e mais acintoso esquema de corrupção da história da Humanidade, o que não anula seu direito de recorrer da condenação em liberdade.
Como se os problemas existentes não bastassem, nesta quinta-feira (6) Lula adicionou mais um indigesto ingrediente na ementa criminosa que carrega. Seu outrora escudeiro, Antonio Palocci Filho soltou a voz em depoimento no âmbito da Operação Zelotes e acusou o ex-metalúrgico de acertar com um lobista do setor automobilístico pagamentos ao filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva, em troca de benefícios ao setor, o que foi possível por meio de medida provisória.
No depoimento prestado à 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, Palocci disse que foi procurado pelo filho de Lula entre 2013 e 2014, que lhe solicitou ajuda na captação de recursos para projetos esportivos. Na ocasião, Luís Cláudio organizava um campeonato de futebol americano no Brasil.
O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil disse que em seguida encontrou-se com Lula para tratar do assunto. À época, o ex-presidente teria admitido a combinação ilícita. “Não precisa se preocupar, porque eu já arrumei esses recursos na renovação dos benefícios da Caoa e da Mitsubishi”, disse Lula, conforme relato do ex-ministro.
Ambas as montadoras conseguiram em 2009 e em 2013, através de medidas provisórias, incentivos fiscais para manter suas fábricas na região Centro-Oeste.
Uma das empresas de Luís Cláudio recebeu R$ 2,5 milhões do lobista Mauro Marcondes Machado, que representava as duas montadoras junto ao governo e ao Congresso Nacional.
Em setembro de 2017, o Ministério Público Federal, em Brasília, denunciou Lula, o ex-ministro Gilberto Carvalho e mais cinco pessoas por suposta venda de medida provisória que favoreceu montadoras de veículos.
Os denunciados são acusados de corrupção ao elaborar e editar, em 2009, a MP 471, que prorrogou por cinco anos os incentivos fiscais a fábricas instaladas no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, a título de fomentar o desenvolvimento dessas regiões.
Outra MP, a 627, renovou em 2013 os benefícios da medida Provisória 471 que expirariam no ano seguinte. A regra que prorrogou novamente os incentivos foi incluída no texto no Congresso, por meio de emenda parlamentar. Esse caso é objeto de outra ação penal, em que Lula e o filho Luís Claudio são acusados de tráfico de influência para viabilizar a aprovação do benefício.