Ao desconvidar Cuba e Venezuela para a posse, futuro governo mostra despreparo diplomático

Jair Bolsonaro tenta a todo custo cumprir as promessas de campanha que lhe garantiram a vitória nas urnas. Porém, é preciso que o presidente eleito reconheça o quanto antes que nem todas as suas promessas serão benéficas ao País.

Durante a corrida presidencial, assim como recentemente, Bolsonaro criticou a política externa dos governos petistas, baseada na questão ideológica. Qualquer pessoa com pensamento minimamente lógico e cartesiano sabe que relações internacionais baseadas na ideologia levam uma nação ao fracasso. Por conta disso, o UCHO.INFO criticou duramente a política externa dos governos Lula e Dilma, que privilegiaram as relações com países alinhados ao esquerdismo.

Que o governo de Jair Bolsonaro flertará insistentemente com o retrocesso todos sabem, mas beira a estupidez diplomática pautar as relações internacionais do País pelo viés ideológico, repetindo o que fez o Partido dos Trabalhadores. Ademais, esse caminho joga ao rés do chão as críticas de Bolsonaro à política externa petista, fazendo do próximo presidente da República o que se conhece popularmente como “mais do mesmo”.

No momento em que a economia brasileira ainda cambaleia sobre o fio da navalha, sem ter a certeza de que o “Posto Ipiranga” resolverá todas as questões que afligem a população, pegar carona na nova “guerra fria”, protagonizada por Estados Unidos e China, é sinônimo de ignorância em termos de governança. Somente um estadista détraqué é capaz de imitar Donald Trump, como se o mandatário norte-americano fosse exemplo.


Desconvidar os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel, de participar da posse de Bolsonaro, após ter convidado oficialmente ambos os mandatários para a cerimônia em Brasília, mostra que o próximo governo não apenas seguirá a ideologia ultradireitista, mas contribuirá para que tragédias como a que afeta o povo venezuelano não tenham fim.

Configura falta de competência a atitude do próximo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, desconvidar os presidentes cubano e venezuelano, que atendeu a pedido da equipe do presidente eleito. Os muitos conflitos que chacoalham o planeta exigem diálogo, como forma de buscar soluções, mas Araújo prefere o isolamento, na esteira do que vem fazendo o estabanado Donald Trump. Mas é preciso lembrar que há uma considerável diferença entre EUA e Brasil, especialmente na questão econômica.

Essa imperícia da diplomacia brasileira ganha reforço com a decisão do próximo governo de transferir a representação brasileira em Israel para Jerusalém, pelo simples motivo de que Jair Bolsonaro decidiu morrer de amores pelo país do Oriente Médio. Mas alguém, em algum momento, há de explicar essa paixão repentina.

Há quem diga que é preciso esperar o governo dar os primeiros passos para depois passar às críticas, mas não se pode fechar os olhos para a realidade, deixando de enquadrar as estultices da equipe “bolsonariana” no contexto do óbvio e da coerência. Essa brincadeira de ser contra o passado recente tem um preço e a conta chegará a qualquer momento. Aguardemos, pois!