O ministro do Comércio do Reino Unido, Liam Fox, disse que há “50%” de chance de que o Brexit seja interrompido, caso o parlamento rejeite o acordo de divórcio do governo com a União Europeia no mês que vem.
“Se não votarmos a favor disso, não tenho certeza se daria mais de 50 por cento de chances (pelo Brexit)”, disse Fox, um proeminente apoiador da saída do bloco europeu, ao jornal Sunday Times no domingo (30).
Fox também encorajou os parlamentares britânicos a apoiarem o acordo assinado em novembro entre o governo de Theresa May e os líderes da União Europeia, considerando que a ratificação pelo parlamento é a única forma de garantir que o Brexit acontecerá mesmo a 29 de março de 2019.
Se o acordo for rejeitado, Fox afirma que uma consequência deve ser que “a relação de confiança entre o eleitorado e o Parlamento será quebrada”, o que conduzirá a “território desconhecido, com consequências imprevisíveis”.
O governo britânico está a tentar convencer os parlamentares a apoiarem o acordo, mas a maioria não parece inclinada em votar a favor.
A primeira-ministra tem enfrentado dificuldades para promover o acordo negociado com a UE entre os parlamentares britânicos. Vários deputados acreditam que ela fez concessões demais a Bruxelas, enquanto outros demonstram preocupações com outros fatores, como a questão da fronteira entre a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, e a República da Irlanda, que é membro da UE.
Esse último item é um dos pontos centrais de descontentamento entre deputados. É o chamado backstop, um mecanismo que instauraria uma união aduaneira provisória entre as duas Irlandas que manteria o Reino Unido dentro das regras alfandegárias da UE.
A medida deve durar até as duas partes da ilha chegarem a um acordo permanente para evitar a imposição de uma fronteira com controles alfandegários. Vários deputados temem que o mecanismo acabe mantendo o Reino Unido preso à UE, já que Londres não poderia abandoná-lo unilateralmente, ficando dependente de uma autorização de Bruxelas.
Faltando três meses para que o Reino Unido saia da União Europeia, em 29 de março, o acordo do Brexit está patinando, abrindo uma série de possibilidades, desde um “divórcio” sem acordo comercial até um cancelamento do plano.
Originalmente, a votação do acordo deveria ter ocorrido no dia 11 de dezembro. No entanto, May adiou a sessão porque avaliou que dificilmente a proposta seria aprovada pelos parlamentares. Até mesmo colegas do Partido Conservador da primeira-ministra haviam se posicionado contra o texto. A nova data para a votação deve ocorrer a partir de 14 de janeiro. (Com agências internacionais)