Mourão causa nova polêmica ao dizer que general venezuelano deveria ter matado Hugo Chávez

Para quem gosta de emoções, no melhor estilo “Indiana Jones”, o governo de Jair Bolsonaro, que começa oficialmente nesta terça-feira (1) será um prato cheio. Isso porque, além do conhecido despreparo do presidente da República, o destempero verborrágico do vice, Hamilton Mourão, promete emoções fortes, talvez contínuas.

Mourão, que na hierarquia militar tem patente acima da de Bolsonaro, é um indomável. E o general da reserva demonstrou isso nas muitas vezes em que o capitão tentou lhe impor a “mordaça”. Hamilton Mourão sabe que no Brasil o vice é figura decorativa, exceto quando acontece algo fora do enredo, mas ele insiste em buscar protagonismo.

Em entrevista à revista Piauí, Mourão disse que Hugo Chávez deveria ter sido assassinado. O vice de Bolsonaro afirmou à publicação que, em 2002, durante o golpe que tentou afastar Chávez do comando da Venezuela, o general Néstor González González, um dos encarregados de vigiar o presidente deposto, perdeu a chance de ter mudado o curso da história.

“Se tivesse matado o Chávez ali, teriam resolvido o problema. Depois eles iriam se matar entre eles, mas aquilo arrumaria o país”, afirmou Mourão, que, à época, era adido militar da embaixada brasileira na Venezuela.


Figura decorativa e problemática

O vice de Jair Bolsonaro insiste em afirmar aos jornalistas que é o principal formulador político do governo, mas muitas de suas declarações criam situações embaraçosas para o governo, inclusive para alguns experientes integrantes do chamado primeiro escalão, que em diversas ocasiões já demonstraram dificuldades para rebater os comentários do general da reserva.

Durante a campanha, Mourão disse ser favorável à extinção do 13ª salário, o que ele chamou de “jabuticaba brasileira”. E Bolsonaro não demorou a demonstrar seu descontentamento com as declarações do vice.

Em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da Band, Bolsonaro afirmou: “Ele demonstrou desconhecimento da Constituição, pois agride o trabalhador. Falei para ele ficar quieto, parar de falar, porque estava atrapalhando. Vice não apita nada, mas atrapalha muito”.

Não contente, Hamilton Mourão, contrariando ordens de Bolsonaro, reuniu-se com João Doria, então candidato do PSDB ao governo de São Paulo. Foi o suficiente para contrariar o então presidente do PSL, Gustavo Bebianno, que de polido nada tem, e o senador eleito Major Olímpio. Mourão agiu sob orientação do presidente do PRTB, Levy Fidelix, que buscava (e ainda busca) espaço nos governos federal e paulista.

Depois do entrevero, Olímpio declarou: “Mais uma vez o Mourão só atrapalha. Não traz nenhum voto ao Bolsonaro, mas cada vez que abre a boca tira um punhado”.

O núcleo duro do Palácio do Planalto pode não gostar de Hamilton Mourão, e certamente não gosta, mas caberá a ele, de acordo com a Constituição Federal, assumir a Presidência da República na ausência de Jair Bolsonaro. Ou seja, já que bater continência está em voga, que os palacianos comecem a aceitar a ideia de fazer tal saudação também a Mourão.