A situação de Fabrício Queiroz piora com o passar das horas. Não se trata do problema de saúde enfrentado pelo ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro, mas do seu protagonismo no escândalo que vem tirando o sono de boa parte da família do presidente da República.
Depois de Fabrício ter faltado a dois depoimentos no Ministério Público do Rio de Janeiro, sob a justificativa de que realizava exames médicos, nesta terça-feira (8) foi a vez de suas filhas, Nathalia e Evelyn Queiroz, e da mulher, Márcia Aguiar, repetirem o feito. Os advogados da família Queiroz alegaram que Márcia, Nathalia e Evelyn não compareceram ao depoimento porque estavam em São Paulo acompanhando o ex-assessor, que foi operado no Hospital Albert Einstein para a retirada de um tumor no intestino.
Por conta dessas idas e vindas, que sugerem manobras protelatórias, o MP fluminense anunciou, por meio de nota, que poderá quebrar os sigilos de Fabrício e seus familiares.
“O MPRJ tem informações que permitem o prosseguimento das investigações, com a realização de outras diligências de natureza sigilosa, inclusive a quebra dos sigilos bancário e fiscal”, afirmou o MP na nota.
Contudo, a Procuradoria de Justiça do Rio não informou as providências que eventualmente adotará para obter os depoimentos dos familiares de Fabrício Queiroz.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que Queiroz movimentou, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, R$ 1,2 milhão em uma conta. O Coaf considerou a movimentação “atípica” e incompatível com a renda de Fabrício. Da mesma conta bancária de Queiroz, que está sob investigação, saíram R$ 24 mil depositados em uma conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro disse que se tratava do pagamento de parte de uma dívida (R$ 40 mil) do ex-assessor com ele, mas até o momento não comprovou o alegado empréstimo feito a Fabrício.
O relatório foi produzido pelo Coaf no âmbito da Operação Furna da Onça, conduzida pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal para investigar corrupção na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A ação resultou na decretação da prisão de dez deputados estaduais.
O MP-RJ também destacou na nota que o depoimento dos investigados “representa uma oportunidade para que possam apresentar suas versões dos fatos”. “O não comparecimento voluntário e deliberado reflete, neste momento, uma opção dos envolvidos, sendo certo que o direito constitucional à ampla defesa também poderá ser exercido em juízo, caso necessário”.