Comandar uma nação não é pouca coisa. Ser presidente da República exige estofo. É o que tem afirmado o UCHO.INFO ao longo dos últimos meses para ressaltar que Jair Bolsonaro, além de adepto contumaz da fanfarronice, é despreparado em todos os sentidos. Não obstante, o atual presidente não postura condizente com o cargo. Por certo surgirão os tomados pelo binarismo do pensamento para alegar que bons eram Lula e Dilma Rousseff, mas ambos os petistas não estão na pauta do momento.
A decisão do deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) de desistir de assumir um novo mandato parlamentar em função das graves e seguidas ameaças que vem sofrendo é uma derrota para a democracia. Não importa a ideologia seguida por Wyllys, não importa sua orientação sexual, não importa as bandeiras que defende. Afinal, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” (CF, artigo 5º caput).
Não é de hoje que Jean Wyllys é alvo de ameaças por causa da sua atuação política, mas não se pode aceitar que crimes dessa natureza fiquem sem solução apenas porque o País vive uma onda de intolerância.
Quem deveria conter a avalanche da intolerância simplesmente fermenta a massa ignara que enxerga nesse comportamento típico de primatas a senha para a solução dos problemas da nação. Jair Bolsonaro elegeu-se na esteira de um discurso truculento e intolerante, em que a tese bizarra do “nós contra eles” ainda prevalece por conta de sua estupidez política e como ser humano.
Tão logo a imprensa noticiou a decisão de Jean Wyllys de não assumir o mandato parlamentar para o qual foi eleito e de deixar o País em função das ameaças, Bolsonaro foi às redes sociais para o fato. No Twitter, o presidente escreveu: “Grande dia”.
Que Jair Bolsonaro é um covarde nato metido a valente todos sabem, mas sua pequenez como ser humano avança no terreno da molecagem. Esse comportamento não coaduna com o cargo de presidente da República, assim como não combina com o discurso que fez em Davos (Suíça) a investidores internacionais. Na abertura do Fórum Econômico Mundial, Bolsonaro, em determinado momento do seu pífio e raso pronunciamento, disse que libertaria do Brasil das “amarras ideológicas” e defenderia os “verdadeiros direitos humanos”.
Quando afirmamos que o discurso do presidente brasileiro fora eivado pela mentira, sabíamos o que estávamos a escrever, pois o comportamento de Bolsonaro é dual e suas convicções o desmentem em poucos instantes.
Comemorar a decisão de Jean Wyllys de não assumir um novo mandato parlamentar e de deixar o Brasil mostra de forma clara e inequívoca que ter abordado, em Davos, a questão das “amarras ideológicas” não passou da necessidade recorrente de Bolsonaro de dar vazão à sua quase psicótica obsessão em relação à esquerda.
Em segundo lugar, não há verdadeiros direitos humanos. Há apenas e tão somente direitos humanos. Até porque, não há verdadeiro estúpido, mas simplesmente estúpido, sendo que alguns conseguem subir a rampa do Palácio do Planalto.
Como se fosse pouco, após ter comemorado a decisão de Wyllys com postagem nas redes sociais, Bolsonaro confirmou o que os cidadãos de bom senso já sabiam: ele é covarde. Diante da repercussão negativa da sua postagem, o presidente rebateu alegando que estava comemorando sua exitosa participação no Fórum de Davos.
Mesmo tomado pela incompetência, Bolsonaro poderia se preocupar com todos os brasileiros, sem distinção alguma, e governar, mas ao que parece o presidente continuará em campanha até o último dia do mandato. Como disse o filósofo francês Joseph-Marie de Maistre, “cada nação tem o governo que merece”, mas recorrer à molecagem é demais.