Lobista das mineradoras, Quintão foi ejetado de cargo na Casa Civil, para o qual jamais foi nomeado

Como antecipou o UCHO.INFO na edição de 28 de janeiro deste ano, o governo de Jair Bolsonaro não mediu esforços para se esquivar da responsabilidade pela tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, mas a presença de Leonardo Quintão na Casa Civil, mesmo que oficiosamente, acendeu a luz de alerta no Palácio do Planalto.

Escalado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para assumir parte da articulação política do governo com o Congresso, Quintão, que não se reelegeu como deputado federal, tentou, sem sucesso, abocanhar o Ministério de Minas Energia na esteira de indicação da bancada evangélica.

Como a empreitada não vingou, Leonardo Quintão aceitou o convite de Lorenzoni, mas optou por assumir oficialmente o posto na Casa Civil após 31 de janeiro, quando terminava seu mandato de deputado federal pelo MDB de Minas Gerais. Durante os anos em que passou na Câmara dos Deputados, Quintão sempre atuou como lobista do setor de mineração e era conhecido pelos colegas de Parlamento como “menino da Vale”.


Não por acaso, Leonardo Quintão foi o relator do novo Código de Mineração, cujo texto foi redigido por importante e conhecido escritório de advocacia de São Paulo, que a peso de ouro cuida dos interesses da Vale.

Com o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, a situação de Quintão ficou difícil. Uma semana antes do desastre na barragem da mineradora Vale, Leonardo Quintão despachava normalmente na Casa Civil, dando ordens na pasta e negociando apoio ao governo em troca de cargos.

Nesta terça-feira (26), Quintão foi informado que não integrará a equipe de Onyx Lorenzoni, que também corre o risco de cair caso a reforma da Previdência fracasse no Congresso. Para um governo trôpego como o que aí está, manter em seus quadros um parlamentar como Leonardo Quintão seria se expor além do que já vem ocorrendo nas últimas semanas.

Quintão estava cotado para assumir o comando da Secretaria de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, mas por enquanto o posto será ocupado interinamente por Beatriz Groba, ex-assessora do Democratas, mesmo partido do ministro Onyx Lorenzoni.