Quando o UCHO.INFO afirma que, além do despreparo e da incompetência, Jair Bolsonaro não tem estofo para estar presidente da República, a tresloucada horda de devotos entra em polvorosa e reage como uma manada enfurecida. Façam como quiser, já que contra fatos não há argumentos. Ademais, defender alguém com esse perfil só mesmo um igual.
Durante a corrida presidencial, nos momentos em que Bolsonaro adoçou o discurso para ludibriar parte da opinião pública que era – e a ainda é – contra o Partido dos Trabalhadores, este noticioso alertou para o perigo de se acreditar em alguém que ganhou notoriedade no parlamento à sombra de declarações e atitudes polemicas, sem jamais ter feito algo em prol do País. E afirmamos que o tempo mostraria o erro magistral que seria colocar Bolsonaro no Palácio do Planalto.
Ciente de que tornou-se o dono do Brasil, Jair Bolsonaro por enquanto não mostrou a que veio, mas age como se ainda estivesse em campanha. Tamanha é a virulência de suas declarações e postagens nas redes sociais. A mais recente polêmica, que pode reder ao presidente sérios problemas, envolve a publicação de um vídeo no Twitter com conteúdo sexual e nudez.
Como se não bastasse, Bolsonaro destilou seu falso moralismo para agradar a massa conservadora, que sonha em “consertar” (sic) o País à base da força. “É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conclusões”, escreveu o presidente da República abaixo do polêmico vídeo.
Não demorou muito para a postagem de Bolsonaro incendiar as redes sociais. E o presidente acabou alvo de críticas das mais diversas, inclusive de parlamentares da base de apoio ao governo. Como esperado, o capitão reformado, que não tem humildade suficiente para reconhecer os próprios erros, reagiu contra-atacando os críticos.
Jair Bolsonaro tenta agir como ditador ao fiscalizar o carnaval, papel que não lhe cabe como presidente da República. Ademais, a postagem do tal vídeo afronta o decoro e pode leva-lo a um processo de impeachment, como prevê a Lei nº 1.079 (Lei do Impeachment), de 19 de abril de 1950.
“Art. 9º São crimes de responsabilidade contra a probidade na administração:
Inciso 7 – proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo.”
Populista, assim como desqualificado, Bolsonaro abusa do expediente tosco e rasteiro porque nada tem para entregar, depois de um sem fim de absurdas promessas de campanha, muitas das quais continuam sendo entoadas em todos os cantos.
É preciso lembrar que o Brasil é uma democracia em que ainda vigora o Estado de Direito, portanto o presidente da República não pode atentar contra as liberdades do cidadão e as garantias constitucionais, mesmo que sua crença ideológica o leve a isso. O chefe da nação, ultrapassado o período eleitoral, tem o dever governar para todos, sem recorrer a manobras radicais para agradar aqueles que o elegeram.
O Brasil por certo não suporta um novo processo de impeachment, mas pior do que seus efeitos colaterais é o conjunto de investidas totalitaristas de um desqualificado que continua acreditando que faz o que bem entende, quando quiser. No momento em que a opinião pública decidir reagir, se é que já não começou, será um caminho sem volta.
