A companhia aérea brasileira Gol anunciou nesta segunda-feira (11) que suspendeu temporariamente as suas operações com aviões 737 MAX 8, da Boeing, após dois desastres aéreos recentes envolvendo aeronaves do mesmo modelo.
“Sendo segurança o valor número um da Gol, que direciona absolutamente todas as iniciativas da empresa, a companhia informa que por liberalidade, a partir das 20 horas de hoje, suspenderá temporariamente as operações comerciais das suas aeronaves 737 Max 8”, diz uma nota.
A empresa possui um total de 121 aviões da Boeing, sendo sete do modelo envolvido nos acidentes. Eles operam em rotas para a América do Sul, Caribe e Estados Unidos.
A Gol informou que os passageiros com voos previstos em aeronaves 737 MAX 8 serão comunicados e realocados em outros voos da companhia ou de empresas parceiras, como a americana Delta Air Lines. A maioria das viagens afetadas tinha como destino Miami ou Orlando.
“A central também permanece à disposição pelo telefone 0800 704 0465. A empresa continuará operando os destinos internacionais de longo curso com os aviões Boeing 737 NG, sem previsão de cancelamento na malha”, acrescentou a empresa.
A nota informa ainda que, desde junho de 2018, a Gol realizou 2.933 voos com o Boeing 737 MAX 8, “totalizando mais de 12.700 horas, com total segurança e eficiência”. A empresa é a única no Brasil que tem aviões desse modelo.
Mais cedo nesta segunda-feira, o Procon de São Paulo havia anunciado que pediria a suspensão imediata dos voos da Gol com aeronaves 737 MAX 8, como forma de “prevenir futuros acidentes” e evitar colocar em risco a vida de passageiros.
A decisão da empresa brasileira vem após dois acidentes mortais recentes com aviões desse tipo. Nesta segunda-feira, autoridades da China e da Indonésia já haviam ordenado que todas as companhias de seus países suspendessem voos com o modelo. A mexicana Aeromexico também suspendeu as operações de suas seis aeronaves 737 MAX 8 até que os desastres sejam esclarecidos.
A Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês), por sua vez, anunciou que vai determinar à Boeing que realize modificações nos modelos 737 MAX 8 e 737 MAX 9, mas afirmou que as aeronaves são seguras para voar.
A queda de um voo da Ethiopian Airlines, na manhã de domingo, matou todos os 157 ocupantes. O desastre aconteceu menos de seis meses depois da queda de um voo, com a mesma aeronave, da companhia indonésia Lion Air, que deixou 189 mortos.
Tanto o voo da Ethiopian, que havia decolado da capital da Etiópia, Addis Abeba, e o da Lion Air, que havia partido de Jacarta, caíram minutos após deixarem o aeroporto.
A Ethiopian Airlines, maior companhia aérea da África, também anunciou que não usará o Boeing 737 MAX 8 até que haja mais informações. “Embora não saibamos ainda a causa do acidente, tivemos que decidir deixar em terra esta frota em particular como medida de segurança extra”, disse em comunicado.
O Boeing 737 é o avião de passageiros moderno mais vendido do mundo e é considerado um dos mais confiáveis da indústria.
A série MAX é a versão mais recente do bimotor de corredor único da Boeing. O modelo lançado em 2017 é mais eficiente em termos de combustível em comparação com seus antecessores e há quatro variantes: MAX 7, MAX 8, MAX 9 e MAX 10, que podem transportar entre 138 e 204 passageiros e foram projetadas para voos de curta e média distância.
A Boeing já finalizou a entrega de cerca de 350 unidades da série MAX – a primeira feita em maio de 2017 à Malindo Air, com sede na Malásia. Até o momento, mais de 60 companhias aéreas encomendaram cerca de cinco mil aeronaves da série. Os principais clientes europeus incluem as companhias aéreas de baixo custo Ryanair e Norwegian. (Com agências internacionais)