Não basta ser despreparado, precisa ser covarde. Essa receita cai como fina luva sobre Jair Bolsonaro, que não sustenta as próprias palavras. O que não é novidade, pois esse comportamento acompanha o agora presidente da República há anos. Basta conferir na rede mundial de computadores declaração de Bolsonaro sobre a idade mínima para se aposentar.
Na visita oficial que fez aos Estados Unidos, onde além das gentilezas protocolares se desmanchou em elogios diante de Donald Trump, o presidente brasileiro cometeu o desatino de afirmar, em entrevista à rede de televisão Fox News, que a maioria dos imigrantes não possui boas intenções. Estapafúrdia, a declaração serviu para Bolsonaro declarar apoio à construção do muro na fronteira com o México, uma das polêmicas propostas de Trump.
Questionado por jornalistas sobre a declaração, Bolsonaro disse que “cometeu um equívoco”. “Foi um equívoco meu. Boa parte tem boas intenções, a menor parte, não. Peço desculpas aí”, declarou. Resumindo, o presidente muda de opinião assim como o vento muda de direção.
Apesar da explicação, que não convenceu, a repercussão negativa gerada pela entrevista não parou de crescer nas redes sociais. Diante desse cenário desfavorável, o Palácio do Planalto retirou o áudio da entrevista do portal oficial do governo. A gravação, exibida na terça-feira (19), em Washington (EUA), havia sido publicada na página oficial às 11h11. O material permaneceu disponível até 16h45. Depois, foi apagado.
O jornal “O Estado de S. Paulo” questionou a assessoria da Presidência sobre a decisão de suprimir o material do portal, que voltou a disponibilizar o áudio às 18h45. Em seguida, a gravação foi novamente apagada, mas substituída por outra editada e divulgada pela Fox News.
É praxe a divulgação de áudios e transcrições de declarações do presidente da República na página oficial do governo. Procurado, o secretário de Comunicação, Alexandre Lara, disse ter havido um erro e que o material editado e veiculado pela Fox seria publicado novamente no site.
A decisão de retirar o áudio da página do governo combina com o estilo do presidente, que não aceita ver o seu falso verniz arranhando pela verdade. Bolsonaro, como mencionado acima, é despreparado para o cargo, o que confirma nossa previsão de que situações semelhantes ocorrerão aos bolhões até o final do mandato. Como se o Brasil estivesse sob a batuta do rei Odorico Paraguaçu II e seus príncipes.