Governo impediu Guedes de ir à CCJ da Câmara para explicar a parlamentares reforma da Previdência

O governo de Jair Bolsonaro está literalmente perdido, mas o presidente continua se divertindo no Twitter, onde publica mensagens com ataques a adversários políticos e bizarrices ideológicas que fazem do Brasil motivo constante de chistes ao redor do planeta.

Sem saber como encontrar o norte da articulação política, o governo bate-cabeça no afã de buscar um caminho para garantir a aprovação da reforma da Previdência. Depois do tiroteio cibernético do último final de semana, que contrapôs Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o Palácio do Planalto apostava todas as fichas no ministro da Economia para apagar o “incêndio” que surgiu no Congresso.

A presença de Paulo Guedes na Câmara era aguardada na tarde desta terça-feira (26), onde o ministro participaria de audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para explicar aos parlamentares detalhes da reforma da Previdência. Em cima da hora, Guedes, anunciou que não compareceria ao encontro, causando perplexidade entre os integrantes do colegiado.

A decisão de adiar a presença de Paulo Guedes na CCJ da Câmara dos Deputados foi costurada por Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil, e por Rogério Marinho, secretário especial de Previdência e Trabalho.

De acordo com o líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) – um inexperiente no serpentário – o ministro se comprometeu a ir à CCJ no próximo dia 3 de abril.


A avaliação política que culminou com o adiamento da participação de Guedes foi de que a audiência, sem a definição do nome do relator da reforma da Previdência na CCJ, “serviria de palco” para a oposição e parlamentares da base aliada insatisfeitos com o governo. Diante desse cenário desfavorável, Paulo Guedes seria alvo de ataques.

É no mínimo estranha a decisão do governo de evitar a ida de Paulo Guedes à CCJ, se considerado o fato de que Jair Bolsonaro passou 28 anos na Câmara dos Deputados. Além disso, o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, responsável pela articulação política do governo, está foi reeleito para seu quinto mandato como deputado federal (atualmente está licenciado), tempo suficiente para alguém minimamente dotado de inteligência aprender a se relacionar no Parlamento. Não obstante, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, esteve deputado federal entre janeiro de 2007 e janeiro de 2019.

Se Jair Bolsonaro pensa que a reforma da Previdência pode esperar o momento propício para o ministro da Economia explicar aos parlamentares detalhes da proposta do governo, o melhor que o brasileiro pode fazer é se preparar para uma tragédia econômica que começa a despontar no horizonte. O presidente da República não assume a responsabilidade pela reforma, pois sabe que sua aprovação está cada vez mais difícil, por isso deixa o assunto a cargo de terceiros como forma de preservar a própria imagem, como se isso fosse possível.