Eleito na esteira da promessa de promover uma ruptura, Jair Bolsonaro, que ainda está em campanha apesar de já ter tomado posse como presidente da República, insiste no discurso de manter distância do que chama de “velha política”. Esse palavrório tem servido para o capitão não dialogar com os membros do Congresso nacional, principalmente para conseguir o apoio necessário para aprovar a tão falada reforma da Previdência.
Bolsonaro não define o que é “velha política”, assim como não esclarece o que é “nova política”, mas dá a entender que práticas pretéritas não lhe agradam, mesmo que tenha permanecido durante anos no Partido Progressista, uma das legendas que mais forneceu encalacrados à Operação Lava-Jato.
Deixando de lado o introito, Bolsonaro parece não saber como viver sem a tal “velha política”, até porque para escapar das agruras do desgoverno que comanda desde 1º de janeiro a saída é recorrer às práticas adotadas pelos velhacos de então.
No vácuo das pesquisas de opinião que apontam o crescimento da desaprovação do governo Bolsonaro, o Palácio do Planalto prepara uma série de visitas do presidente República a estados, onde encontrará políticos e aliados da campanha, além de divulgar ações da administração federal. De acordo com o cronograma palaciano, Bolsonaro passará, nos próximos dias, por quatro regiões do País, com compromissos no Rio de Janeiro, Amapá, Amazonas, Paraíba e Goiás.
Bolsonaro priorizará nas suas viagens a divulgação da nova versão do programa Bolsa Família, com o 13º salário prometido durante a campanha. E esse périplo começará pela Paraíba.
A visita ao Nordeste é estratégica por ser a região que mais depende do Bols Família e a que mais rejeita o governo. Na mais recente pesquisa, o Datafolha mostrou que 39% dos entrevistados na região Nordeste consideram o governo de Bolsonaro ruim e péssimo, enquanto apenas 24% consideram sua administração ótima ou boa. Ou seja, o presidente se rendeu à “velha política” que tanto condena.
Em Campina Grande (PB), além do Bolsa Família, o presidente deverá inaugurar o Centro de Testes para Dessalinização de água, uma de suas bandeiras de campanha, e participar de entrega casas populares. A etapa seguinte deve ser Manaus (AM), mas os palacianos ainda procuram um projeto para apresentar à população local.