Bolsonaro continua atentando contra a democracia, enquanto o País está à deriva e à espera de soluções

Há dias, o UCHO.INFO afirmou que o presidente Jair Bolsonaro abusou da hipocrisia ao dizer, durante evento no Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, que “a chama da democracia depende da imprensa depende da imprensa para continuar acesa”.

Quem ouviu Bolsonaro pela primeira vez acreditou que estava diante de um democrata convicto, mas com o passar das horas descobriu a farsa que embala o presidente brasileiro, que, ainda em campanha, joga para o eleitorado de acordo com os próprios interesses.

Representante da “velha política”, Bolsonaro faz uso indiscriminado do populismo barato, além de recorrer à terceirização para atacar instituições que garantem a continuidade da democracia. Quando um dos seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), disse que para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) eram necessários apenas um soldado e um cabo, o presidente minimizou a declaração estapafúrdia, que não mereceu resposta à altura por parte da Corte.

Diante desse desvario do “03”, outros ataques ao STF surgiram nas redes sociais, como se esse tipo de comportamento não exigisse a necessária resposta judicial, como estabelece a legislação vigente no País. E o STF mais uma vez calou-se diante de açoites descabidos, que surgiram na esteira do discurso de ódio fomentado por Jair Bolsonaro e seus quejandos.

O presidente da República, que não sabe como fazer para entregar o que prometeu na corrida presidencial, agora apela à bizarrice para distrair a opinião pública. A estratégia é simples, mas perigosa. Seus operadores espalham discursos de ódio e intolerância, rapidamente assimilados e reverberados pelos adoradores de Bolsonaro. Ato contínuo, boa parte da opinião pública, temendo reações violentas, como têm acontecido, prefere o silêncio, o que dá a sensação que o presidente está agradando. O que não é verdade.


Bolsonaro pode até acreditar no sucesso dessa fórmula suicida, mas em algum momento a estratégia há de falhar. Apostar na insana verborragia de Olavo de Carvalho para desestabilizar o vice-presidente Hamilton Mourão, os generais palacianos, as instâncias superiores do Judiciário e setores do Legislativo é prova da devastadora irresponsabilidade de Bolsonaro como presidente.

Se Mourão distou do presidente com seu discurso marcado pelo bom senso, que Bolsonaro trate de se reinventar, antes que o Brasil permaneça estagnado ou afunde de vez, pois ninguém investirá um só tostão no País com esse cenário de instabilidades em todos as direções. Ademais, não se pode confiar em um governo que tenta aprovar projetos à base do enfrentamento e da intimidação de parlamentares.

No último sábado (20), Bolsonaro publicou em seu canal no Youtube um vídeo em que Olavo de Carvalho dispara críticas aos militares, em especial aos generais palacianos, e aos colaboradores mais próximos do presidente da República. O vídeo foi apagado no final da tarde do domingo (21), mas quando isso aconteceu o estrago já estava feito. No vídeo, Carvalho, sempre recorrendo aos palavrões, explica porque considera Bolsonaro mártir: ““Só de aguentar esses filhos da puta que têm em volta dele. Não dá, não dá.”

“Dentro do governo é isso que vocês estão encontrando. É só intriga, é só sacanagem, egoísmo, vaidade, é só isso que tem. Tem que levantar a cultura e esperar que um dia talvez surja uma classe política melhor, educada por nós”, emenda o autointitulado filósofo.

Em seguida, o guru de Bolsonaro passa a atacar diretamente as Forças Armadas. “Qual foi a última contribuição das escolas militares para a alta cultural nacional? As obras do Euclides da Cunha. Depois de então foi só cabelo pintado e voz empostada. Cagada, cagada. Esse pessoal subiu ao poder em 1964, destruiu os políticos de direita e sobrou o quê? Os comunistas.”

A grande questão envolvendo essa polêmica é que o próprio presidente é responsável por incentivar seu mentor a cometer essas estultices, colocando o governo sobre o fio da navalha. Não se pode esquecer que Bolsonaro sem os generais palacianos simplesmente não existe como chefe de Estado.