Nada há de pior no comportamento humano do que a sabujice, algo a que alguns políticos se dedicam de forma desavergonhada, causando náuseas nos que cultuam a coerência. Submetendo a própria opinião aos ventos do interesse, o deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP) apresentou há dias um pedido de impeachment do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, como se o País estivesse em condições de conviver com essas bizarrices.
Nesta quarta-feira (24), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu arquivar o pedido formulado por Feliciano, que é vice-líder do governo no Congresso, pois “descabido” é o adjetivo mais suave que se pode emprestar ao movimento subserviente do parlamentar e dublê de pastor evangélico.
Que Marco Feliciano não pode ser levado a sério na maior parte do tempo todos sabem, mas acusar Mourão de “conduta indecorosa, desonrosa e indigna” e de “conspirar” para conseguir o cargo de Jair Bolsonaro é no mínimo devaneio.
Um dos argumentos elencados no pedido de impeachment é uma “curtida”” (like) do perfil de Mourão no Twitter em uma publicação da jornalista Rachel Sheherazade, do SBT, em que ela afirma que vice-presidente seria mais competente do que Bolsonaro.
Se o discurso de Hamilton Mourão faz sombra à incompetência e ao despreparo de Bolsonaro, que o presidente da República procure se preparar para o restante do mandato ou, diante do seu eleitorado, faça um mea culpa reconhecendo que errou ao decidir se candidatar ao mais alto posto da República, sem ter estofo para tanto.
Isso posto, querer compensar essa diferença com investidas marcadas pela covardia e levadas a cabo por “moleques de recado” revela a pequenez de quem tem o destino do País nas mãos.
A sociedade precisa urgentemente distinguir quem é quem nesse jogo rasteiro e torpe que domina a cena política nacional, onde qualquer movimento sempre tem algum interesse como companhia abjeta.
Quando um presidente da República escolhe como vice-líder do governo no Congresso alguém que se presta a papel tão pífio e degradante, não é preciso muito esforço para compreender o cenário de paralisia que tem levado os brasileiros a perder o sono. Em suma, Bolsonaro e Feliciano se merecem.