A produção industrial brasileira registrou em março uma queda de 1,3%, na comparação com fevereiro. Esse resultado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (3), elimina o crescimento de 0,6% registrado no mês anterior. Com mais esse resultado negativo, a indústria acumula queda de 2,2% no ano.
Trata-se do pior resultado mensal desde setembro do ano passado, quando houve queda de 2,1% na produção do setor. Na comparação com março do ano passado, a indústria caiu 6,1%, queda anual mais intensa desde maio de 2018 (-6,3%).
No acumulado em 12 meses, o setor industrial passou a ter queda de 0,1% – primeiro resultado negativo desde agosto de 2017 (quando também recuou 0,1%), o que confirma a perda de ritmo e o esmaecimento da economia brasileira, algo cada vez mais visível no cotidiano.
Após sinal de recuperação no começo de 2018, a indústria entrou novamente em trajetória descendente em julho do ano e, desde então, vem perdendo força com o passar dos meses.
e queda, revela IBGE
Sem sinais de recuperação
Com o resultado de março, o patamar de produção da indústria brasileira ainda segue 17,6% abaixo de seu ponto mais alto, alcançado em maio de 2011.
“É como se a gente estivesse em janeiro de 2009”, afirmou o gerente da pesquisa, André Macedo, destacando que mesmo com o elevado nível de ociosidade da indústria nacional, a demanda não tem crescido.
“Dado que a gente observa todos esses indicadores no campo negativo, podemos dizer que estamos longe de pensar em qualquer trajetória de recuperação, que dirá de uma recuperação consistente”, avaliou
Queda de 0,7% no 1º trimestre
Na análise trimestral, a produção da indústria registrou queda de 0,7%, na comparação com o 4º trimestre de 2018. Na comparação com os 3 primeiros meses de 2018, o recuo foi de 2,2%.
“Este é o resultado negativo mais intenso desde o 4º trimestre de 2016, quando havia recuado 3,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior”, destacou o gerente da pesquisa. “Desde o 4º de 2017, quando a indústria crescia 5%, o setor vem numa trajetória de redução de ritmo”, acrescentou.
Questionado sobre os motivos que lavaram à piora da produção industrial brasileira, André Macedo elencou a conjuntura econômica e o mercado de trabalho afetando o consumo das famílias como as principais razões. “Há outros fatores que também impactam nessa produção, como a redução de exportações importantes”, acrescentou.
PIB negativo?
A análise do gerente de pesquisa do IBGE, André Macedo, aponta para um cenário preocupante, pois o baixo consumo das famílias, reflexo também do desemprego, pode levar a um PIB negativo no primeiro trimestre deste ano. Caso isso se confirme, o PIB de 2019 será impactado por esse resultado, podendo levar a economia brasileira a andar de lado ou até mesmo para trás.
Enquanto dúvidas surgem de todos os lados em relação ao futuro da economia do País, o governo de Jair Bolsonaro continua à espera da aprovação da reforma da Previdência, como se apenas essa medida fosse suficiente para resolver os muitos problemas econômicos existentes no Brasil.
Contudo, continua preocupando o fato de o governo não adotar nenhuma medida adicional ou não se debruçar sobre um “plano B”, que poderia amenizar um cenário em que a aprovação da reforma da Previdência ocorra longe das expectativas da equipe do ministro Paulo Guedes. E tudo indica que isso acontecerá com a aquiescência do Palácio do Planalto.