TJ fluminense mantém condenação de Bolsonaro por resposta a Preta Gil e declarações racistas no CQC

Nos últimos tempos, por necessidade político-eleitoral, Jair Bolsonaro tenta “vender” à opinião pública a imagem do “Jairzinho paz e amor”, mas quem o conhece de fato sabe que tudo não passa de uma farsa da pior qualidade.

Com o País enfrentando problemas dos mais diversos e à espera de soluções por parte de um governo movido pela incompetência e pelo despreparo, Bolsonaro tem se dedicado à autopromoção, algo que ficou evidente depois do imbróglio envolvendo a homenagem que aconteceria em Nova York, mas que por conta de severas críticas de grupos locais acabou transferida para o estado americano do Texas.

Entre as ações de autopromoção, Jair Bolsonaro concedeu há dias entrevista à apresentadora Luciana Gimenez, da Rede TV, ocasião em que cometeu o disparate de afirmar que “racismo é coisa rara no Brasil”.

“No Brasil, é uma coisa rara o racismo. O tempo todo tentam jogar o negro contra o branco, homo contra hétero ou pai contra filho. Desculpe o linguajar, mas isso já ‘encheu o saco’”, disse o presidente da República.

Para contrapor essa bazófia, os desembargadores da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) decidiram, por três votos a um, manter a condenação de Bolsonaro por declarações emitidas em 2011, em entrevista ao extinto programa CQC, à época exibido pela TV Bandeirantes. O presidente foi condenado a pagar R$ 150 mil por danos morais ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDDD), do Ministério da Justiça. Cabe recurso às instâncias superiores da Justiça.


Perguntado pelos apresentadores do programa sobre como reagiria se tivesse um filho gay, Bolsonaro disse que isso jamais aconteceria pois eles tiveram “uma boa educação”.

Na ocasião, questionado pela cantora Preta Gil sobre como reagiria se um de seus filhos se apaixonasse por uma mulher negra, Jair Bolsonaro, então deputado federal, respondeu: “eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o seu”. Ele também afirmou que não viajaria em um avião pilotado por um cotista.

A ação civil pública foi ajuizada pelo Grupo Diversidade Niterói, Grupo Cabo Free de Conscientização Homossexual e Combate à Homofobia e Grupo Arco-Íris de Conscientização.

É importante ressaltar que a Constituição Federal estabelece em seu artigo 5º, inciso LVII, que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, ou seja, prevalece a presunção de inocência, mas a fala de Bolsonaro não deixa dúvidas a respeito da sua intolerância em relação a negros. Homossexuais e minorias.

É sabido que no Brasil a lei é vítima do bamboleio interpretativo dos operadores do Direito, assim como muitos magistrados aderiram ao “bom-mocismo” de ocasião apenas para atender aos anseios da sociedade, deixando de lado a legislação vigente, o que representa um atentado ao Estado de Direito, mas é preciso reconhecer que o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, tem razão ao afirmar que Bolsonaro é um “ser humano perigoso”. Apesar disso, o presidente brasileiro ousa dizer que o alcaide nova-iorquino se comporta como radical.

Confira abaixo as declarações de Jair Bolsonaro ao CQC