Theresa May fracassa na derradeira tentativa de aprovar o Brexit no Parlamento britânico

A última tentativa da primeira-ministra britânica, Theresa May, para concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) fracassou nesta quarta-feira (22), poucas horas depois de sua proposta de votação de um novo referendo e de uma relação comercial mais próxima com o bloco se mostrarem incapazes de convencer os parlamentares da oposição, muitos de seu próprio partido.

Quase três anos depois de o Reino Unido decidir pelo Brexit – 52% favor e 48% contra –, May tentou pela última vez que o Parlamento aprove o acordo de saída antes que seu período à frente do governo britânico se encerre.

Na terça-feira (21), May apelou aos parlamentares para que apoiassem o acordo, acenando com a perspectiva de um novo referendo e arranjos comerciais mais estreitos com a UE.

Contudo, a rejeição à proposta da primei9ra-ministra foi forte, o que comprova mais uma vez seu desgaste político. Tanto parlamentares do governista Partido Conservador quanto do opositor Partido Trabalhista criticaram o Projeto de Lei do Acordo de Retirada, ou WAB, a legislação que implanta os termos do rompimento britânico – e alguns intensificaram os esforços para afastar a líder.

“A segunda leitura proposta do WAB está claramente destinada ao fracasso, então não faz sentido perder mais tempo com a esperança fútil de salvação da primeira-ministra. Ela tem que partir”, disse Andrew Bridgen, um parlamentar conservador, à agência de notícias Reuters.

Ele é um dos muitos conservadores que rejeitam o pacto, algo que levou outros postulantes ao cargo de Theresa May a também fazê-lo. Boris Johnson, o favorito das casas de apostas para ser o próximo premiê britânico, disse que não votará a favor da proposta.


Mais parlamentares conservadores entregaram cartas ao Comitê 1922, grupo que decide os líderes partidários, para exigir uma moção de desconfiança contra May, cuja estratégia de separação da UE foi esfacelada.

Vários parlamentares, incluindo o negociador trabalhista do Brexit, Keir Starmer, disseram não fazer muito sentido votar o projeto de lei, que a maioria concordou não ter chance de passar em um Parlamento tão dividido.

Com o impasse em Londres, continua sendo incerto quando, como ou mesmo se o país sairá algum dia do clube ao qual se filiou em 1973. O novo prazo de saída é 31 de outubro.

A crise britânica do Brexit surpreende aliados e rivais, sendo que o impasse faz com que a quinta maior economia do planeta enfrente opções como uma saída com emoldurada por acordo para suavizar a transição, uma saída sem um pacto, uma eleição ou um segundo referendo. A libra esterlina perdeu força, já que investidores veem uma chance crescente de um Brexit sem acordo.

O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, disse que sua sigla não pode votar a favor do projeto de lei de retirada, descrevendo a nova proposta da primeira-ministra como “essencialmente a posição do governo requentada”, em conversas com os governistas que fracassaram na última semana.

“Hoje, mostrei que estou disposta a fazer concessões para entregar o Brexit ao povo britânico”, escreveu May. “O WA é nossa última chance de fazê-lo”, completou a chefe do governo. (Com ABr)