A montadora ítalo-americana Fiat Chrysler anunciou nesta segunda-feira (27) os planos para uma futura fusão com a francesa Renault, que resultaria na criação do terceiro maior fabricante de automóveis do mundo e reuniria investimentos de ambos os grupos no setor de carros elétricos e autônomos.
A proposta foi bem recebida pelo conselho diretivo da Renault, que após reunir-se nesta segunda-feira, declarou que a estuda “com interesse”. Em nota, a montadora afirma que a fusão deverá “melhorar a marca industrial da empresa e a tornar uma geradora de valores adicionais à Aliança”, em referência à parceria que a empresa francesa mantém com as japonesas Nissan e Mitsubishi.
A união dos dois grupos, que juntos produzem anualmente quase 8,7 milhões de veículos, provocaria uma reformulação da indústria global. A Fiat Chrysler vende cerca de 4,8 milhões de automóveis por ano, e a Renault, 3,8 milhões de unidades.
Os números após a fusão seriam superiores aos da General Motors, e ficariam atrás apenas da Volkswagen e Toyota.
A Renault havia expressado a intenção de avançar na fusão com a Nissan, mas os planos foram abalados pelo escândalo envolvendo a prisão do executivo brasileiro Carlos Ghosn, que já presidiu as duas empresas, acusado no Japão de fraude fiscal e sonegação.
A oferta da Fiat Chrysler poderia gerar economias de escala, uma vez que ambas as empresas lutam para avançar na conversão para veículos híbridos e elétricos, em meio ao combate às emissões de gases poluentes em alguns dos principais mercados na Europa.
A própria Fiat Chrysler vem tendo dificuldades para avançar no setor no de veículos elétricos e arrisca ser alvo de pesadas multas impostas pela Comissão Europeia, caso não consiga reduzir as emissões de seus automóveis e se adequar aos padrões mais rígidos que vêm sendo impostos em todo o continente.
Mas, apesar das garantias oferecidas de que a futura fusão acomodaria também a aliança com as empresas japonesas e resultaria em economias para todos os envolvidos, não se sabe ainda como a Nissan e a Mitsubishi deverão reagir a uma parceria com um grupo de grandes proporções como a Fiat Chrysler.
A Nissan comercializa anualmente 5,6 milhões de unidades, e a Mitsubishi, 1,2 milhão. Em uma possível fusão que venha a incluir também a aliança, o novo grupo somaria vendas anuais de 16 milhões de automóveis, o que equivaleria a um sexto das vendas mundiais.
O acordo proposto pela Fiat Chrysler à Renault seria de uma parceria de 50% para cada lado. Mas, fusões igualitárias costumam ser difíceis de administrar, com disputas pelos cargos de liderança e por investimentos mais altos. Um acordo igualitário entre a Chrysler e a Daimler nos anos 1990 entrou em colapso nove anos após ser firmado em razão de diferenças culturais.
O governo francês, que detém 15% da Renault, se diz favorável à fusão, mas segundo uma porta-voz, deverá avaliar cuidadosamente as condições, especialmente em relação ao “desenvolvimento industrial” da empresa e às condições para os trabalhadores.
Ainda assim, o governo considera que a fusão ampliaria a capacidade do país de “reagir aos desafios da soberania francesa e europeia em um contexto globalizado”. (Com agências internacionais)